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AS CESTAS DE NATAL AMARAL

Você lembra das Cestas de Natal Amaral? E você sabia que o produtor dessas cestas, a Empresa Alimentos Selecionados Amaral tinha sua sede na Mooca, mais precisamente na rua Canuto Saraiva nº 429 ?

Fundada em 1945 pelo empresário Rui Amaral Lemos, a Empresa foi a pioneira no ramo de empacotamento de alimentos para venda ao consumidor. No começo dos anos 50 a Amaral se agigantou com a aquisição da Indústria Mandiopã de propriedade da Chiavone.

As famosas cestas foram criadas por volta de 1953 juntamente com uma iniciativa pioneira : a implantação de uma espécie de Baú da Felicidade por intermédio do qual concedia prêmios para os consumidores que iam  desde eletrodomésticos até imóveis .

As cestas eram feitas de vime. Nelas vinham, além dos tradicionais quitutes de natal como figo seco, damasco e uva passas, nozes castanhas e amêndoas, o boneco colorido do Gigante Amaral, mascote da empresa, ambicionado pela criançada.

Rui Amaral também foi criativo na criação de um slogan que se tornou famoso, correndo de boca em boca : “Seu Natal é mais Natal, com as cestas Amaral. Cesta de Natal Amaral, faz um Natal sem igual”.

Tudo isso fez com que as Cestas de Natal Amaral se tornassem um presente tradicional no Natal dos brasileiros a tal ponto que, no fim da década de 50, centenas de milhares de cestas eram vendidas anualmente.

Por motivos desconhecidos, Rui Amaral resolveu encerrar as atividades da empresa no ano de 1967.

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[su_spoiler title=”Teatro Gamaro” style=”fancy”]

Localizado na Mooca, na Rua Dr. Almeida Lima, 1176, o Teatro Gamaro (que substituiu o Teatro Anhembi Morumbi) é um espaço cultural, totalmente equipado e projetado para ser um Teatro e para receber todos os tipos de espetáculos, de musicais a prosa.

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Com 756 lugares, distribuídos em plateia e 2 mezaninos e, com aproximadamente 2.000m2 de área, o projeto assinado pelos arquitetos Vicente Giffoni e Deise M. Araújo, aproveita a histórica construção da antiga fábrica da Alpargatas.

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O principal conceito do projeto está na valorização da região, pois além de espaço para lazer com uma programação variada e freqüente, aqueles que trafegam pela Radial Leste têm uma nova imagem no local, ampla e iluminada.

A aleia de acesso é coberta por uma estrutura metálica com telhas em policarbonato incolor e iluminada com colunas de luz, que define um eixo de ligação da rua à arena de eventos e esportes.

Este eixo é enfatizado com a presença de colunas estruturas dos edifícios e garante ao passeio interno a proporção de uma via urbana. Uma rua de palmeiras e um jardim totalmente iluminado proporcionam uma agradável área externa que levam a bilheteria.

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O Teatro tem no seu foyer um pé-direito de 14,50 metros, precedido por uma ampla bay-window em estrutura metálica e vidro e uma escada em mármore branco iluminada, que dá acesso à plateia no térreo e mezanino. Neste ambiente, há acesso ao café, bem como sanitários e elevador para portadores de necessidades especiais.

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O acesso aos camarins e cenários é feito através da rua Dr. Almeida Lima, pelo corredor de lateral. São quatro camarins divididos em 140m², sendo um camarim principal, um camarim de apoio e dois camarins gerais.

Fonte e fotos : http://www.teatrogamaro.com.br/[/su_spoiler]

[su_spoiler title=”A Mooca e as Revoluções de 1924 e 1932″ style=”fancy”]

Você já deve ter visto fotos publicadas com a legenda “casa (ou fábrica) bombardeada na revolução de 1932”

De maneira geral, os paulistanos confundem os eventos ocorridos na cidade de São Paulo durante a revolução de 1924 e os da Revolução Constitucionalista de 1932.

revolucaoNão se tem registro de combates, na cidade de São Paulo, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em 9 de julho e durou até 2 de outubro daquele ano contra o ditador Vargas, sendo apoiada pela maioria do povo paulista, com adesão de mais de 72.000 voluntários e de todas as unidades militares estaduais e federais sediadas no Estado e com apoio civil em todas as atividades de logística.

Os combates foram acirrados e milhares de baixas em todas as regiões do Estado. O teatro de operações foi principalmente nas regiões fronteiriças do estado de São Paulo, notadamente em Vale de Paraíba, Serra da Mantiqueira, Vale do Ribeira, Região de itararé e Campinas.

Na Revolução de 1924, por outro lado, o trauma foi enorme para a população civil paulistana que não estava envolvida com o movimento militar.

A revolta foi deflagrada por oficiais militares do Exercito Brasileiro e da Força Pública Paulista (denominados como Os Tenentes) na Capital paulista, por descontentamento com a política do então Presidente da República, Arthur Bernardes. Os combates na capital duraram 23 dias ( de 5 a 28 de julho de 1924) e continuaram após isso no interior do Estado.

Nesse episódio histórico, o movimento Tenentista deflagrou a revolta armada em comemoração ao 2º aniversário dos Levante dos 18 do forte de Copacabana, em 5 de julho de 1924 com a mobilização de parte das unidades militares da Capital, forçando a fuga do então Governador do Estado, Carlos de Campos.

A reação federal não tardou e as tropas enviadas para abafar o levante, postaram-se nas colinas do bairro da Penha, e de lá bombardearam a cidade de São Paulo.

Foram bombardeados os bairros fabris do Belém, Brás, Cambuci, Vila Mariana, Sé, Tatuapé e principalmente a Mooca, onde as tropas rebeldes haviam se entrincheirado na altura do atual Viaduto Bresser.

O bombardeio de artilharia e aéreo atingiu indistintamente aqueles bairros com especial requinte de terror no centro da cidade. A população civil, sem proteção nenhuma, já que o embate era exclusivo entre unidades militares pró e contra o Governo central, se escondia e se submetia à lei Marcial que imperava, ou então fugia para o interior do Estado. Quem ficou, arriscou-se a morrer, pois contaram-se mais de 500 mortes civis motivadas pela balas de canhões federais. Por essa razão, quase metade da população abandonou a cidade.

A Mooca guarda suas fotos e lembranças daqueles dias tristes.

Todas as fábricas do eixo que se conhece hoje como Avenida Radial Leste e da antiga Rede Ferroviária Federal foram bombardeadas e destruídas. O Cotonifício Crespi, notabilizado pelo nascedouro da primeira grande greve no País em junho de 1917, foi bombardeado impiedosamente assim como os imóveis residenciais que o circundavam.

revolucao1O externato Matoso, escola localizada na Rua dos Trilhos, teve suas paredes frontais metralhadas, talvez por ter servido de trincheira para os rebeldes e até a década de 80, podiam se encontrar no início da Rua do Oratório, postes metálicos com marca de balas de fuzil e metralhas da época.

Por fim, no dia 28 de julho de 1924, os revoltosos, comandados por Isidoro Dias Lopes (do Exercito) e Miguel Costa (da Força Pública), deixaram a cidade por via férrea, sendo perseguidos e cercados no Mato Grosso, resolveram refugiar-se no Paraná e juntar-se às tropas revoltosas de Luiz Carlos Prestes, que vindas do Rio Grande do Sul originaram a famosa Coluna Prestes-Miguel Costa que perambulou pelo Brasil, lutando contra as tropas legalistas até 1927.

Texto do pesquisador Miguel Angelo Tarasi[/su_spoiler]

[su_spoiler title=”Pizzaria São Pedro, um ícone da Mooca” style=”fancy”]

1 Onde uma pizzaria é considerada um dos principais ícones de um local ? Só pode ser na Mooca. Naturalmente, todos já perceberam que estamos falando da Pizzaria São Pedro que neste 29 de junho de 2016 completa 50 anos de existência.

Tudo começou em uma simples casinha na Rua Javari 263, onde Rafael Barbudo morava com sua família, a esposa Ignes Locatelli e os filhos Pasqual e Vanderli.

Rafael iniciou sua vida profissional muito jovem e, como a maioria dos mooquenses, trabalhando no Cotonifício Conde Rodolfo Crespi, assim como ocorreu com sua esposa. Nos finais de semana foi trabalhar na Cantina Romanato, a primeira da região, onde aprendeu o ofício de pizzaiolo, curiosamente juntamente com seu primo-irmão Ângelo que, no futuro criou a também famosa Pizzaria do Ângelo.2

Num daqueles momentos que passa pela cabeça da maioria, Rafael resolveu ser o que hoje se chama de empreendedor e, e aproveitando que uma senhora, proprietária de uma leiteria,disponibilizou a parte dos fundos da casa para que o Rafael construísse um forno de pizza.

Durante as festas juninas de 1966 os moradores da Rua Javari organizaram uma festa em comemoração ao Dia de São Pedro e o nosso amigo Rafael colocou lenha no forno e começou a preparar a massa e deu inicio a produção de pizzas servindo-as em pedaços aos participantes do festejo. Nem é preciso falar do sucesso que fizeram as pizzas.

Entusiasmado com o sucesso, Rafael resolveu ampliar seu estabelecimento, atribuindo-lhe o nome de Bar e Café São Pedro, passando também a trabalhar com pizzas. Um cliente amigo forneceu algumas mesas e, seu amigo e vizinho Francisco, proprietário do conhecido armazém do “Sêo” Chiquinho, lhe emprestava algumas cadeiras que passava por cima do muro que dividia as duas casas.

No começo eram só os moradores próximos que frequentavam o Bar, mas a qualidade de seus produtos foi correndo de boca em boca e a freguesia aumentando continuamente.

6Com isso, surgiu a necessidade de buscar um espaço mais amplo que surgiu, em 1971, muito próximo de sua casa, justamente na esquina da Rua Javari com Visconde de Laguna onde até então funcionava o armazém do português Albano. Nessa ocasião o estabelecimento alterou o nome para Pizzaria São Pedro, que prevalece até hoje.

3Mas não bastava só um local maior. Havia, também, a necessidade de aumentar o quadro de trabalhadores. Os filhos Vanderli e Pasqual e a futura nora Roseli incumbiam-se do atendimento enquanto que Rafael sua esposa e funcionários se dedicaram a elaboração das pizzas, que só eram servidas às sextas feiras e sábados e somente nas especialidades muzzarela, aliche e calabresa, como era tradicional àquela época. Durante a semana eram servidos pratos comerciais. Rapidamente o sucesso da Pizzaria São Pedro foi se expandindo, não se limitando a Mooca, mas transcendendo seus “muros”.

6aUm fato muito interessante : como à época eram raros os salões de festas e, principalmente, os buffets, era comum os noivos e uma pequena comitiva formada por parentes e padrinhos se dirigirem à São Pedro após saírem da igreja e lá realizarem a festa de casamento. Surpresos, os proprietários e os clientes da pizzaria recebiam os noivos com muita alegria e festa.

Com o crescente aumento de clientela que formava filas à porta da Pizzaria, uma nova ampliação se fez necessária e, assim, no final da década de 70 um novo e bonito espaço veio a se integrar ao já existente.
Com o correr do tempo, às pizzas de mussarela, aliche e calabresa foram sendo acrescentadas dezenas e dezenas de opções, mas o pizzaiolo Rafael se orgulha de ter sido o primeiro a “inventar” a pizza de escarola, fato divulgado em vários órgãos da imprensa.

7Atualmente o “velho” Rafa, embora aposentado, ainda continua frequentando a pizzaria quase que diariamente. A administração encontra-se a cargo dos filhos Pasqual e Vanderli e da nora Roselimas a terceira geração da família, Érica, Maurício e Sérgio, filhos de Pasqual, já se preparam para manter a tradição familiar, assumindo a direção.

9A qualidade das pizzas da São Pedro tem sido merecedora de constantes citações na imprensa que, costumeiramente, a aponta como uma das melhores pizzarias de São Paulo. Hoje quando se fala das principais atrações da Mooca a Pizzaria São Pedro nunca é esquecida, sendo um dos orgulhos de nosso Bairro.

Os dirigente da Pizzaria São Pedro, por intermédio do Portal da Mooca, expressa seus agradecimentos a todos os clientes, amigos e funcionários que com eles compartilharam ao longo desses 50 anos.[/su_spoiler]

[su_spoiler title=”O assassinato do pai de Jânio Quadros na Mooca” style=”fancy”]

Por Paulo Sampaio para a Revista J.P de junho

Antes de ser abatido a tiros, em maio de 1957, o deputado Gabriel Quadros chegou a sair no braço com o feirante José Guerreiro, numa disputa pela paternidade de gêmeos. A mãe das crianças, Francisca Flores, casada com o feirante, dizia que eles eram filhos do deputado. Por causa do escândalo, Jânio, o então governador de São Paulo, ameaçou encerrar a carreira política

Gabriel Quadros
Deputado Gabriel Quadros

Um dos maiores embaraços que Jânio Quadros enfrentou quando estava no governo de São Paulo (1955-1959) foi o assassinato de seu pai. Médico e farmacêutico de formação, o deputado Gabriel Quadros morreu baleado pelo marido de sua amante. Em si, a situação já era delicada. Acontece que, ainda por cima, Gabriel e Jânio nunca tiveram um relacionamento tranquilo como pai e filho, e, apesar de ambos terem sido eleitos pelo Partido Trabalhista Nacional, PTN, a coisa não ia melhor na política. Militante da extrema esquerda, Jânio recebia ataques sistemáticos de Gabriel, que estava à extrema direita e chegou a usar a expressão “jâniofobia” para se referir a um “vírus” que, segundo ele, andava contaminando os parlamentares. “Já há alguns casos de contágio neste plenário”, disse o deputado, em um discurso de 1957 na Assembleia Legislativa.

A história do assassinato de Gabriel remonta à época em que o médico se elegeu vereador pelo Partido Democrata Cristão (PDC), em 1951, e tinha como cabo eleitoral o feirante José Guerreiro, dono de uma barraca de limões. Sabidamente mulherengo, o vereador traiu seu apoio iniciando um caso com a mulher dele, Francisca Flores, vulgo Nena. O triângulo ainda não havia sido desfeito quando Nena engravidou de gêmeos. Num tempo em que o exame de DNA estava longe de ser criado, as duas crianças, batizadas de Jaime e José Carlos, foram motivo de acirrada disputa entre o feirante e o ex-vereador – que agora cumpria mandato como deputa do estadual pelo PTN. De temperamento notoriamente irascível, dado a escândalos, Gabriel Quadros chegou a sair no braço com José Guerreiro em plena Praça da Sé, para decidir quem era o pai dos meninos.

SÓ NO “OLHÔMETRO”

A princípio, Nena afirmava que os filhos eram de Gabriel e, por conta disso, o deputado chegou a acomodá-la por alguns dias em seu gabinete na Assembleia Legislativa. Em seguida, ele a transferiu para sua própria residência, na avenida Rebouças. Ocorre que, apesar de manter com o deputado apenas um casamento de aparências, sua mulher oficial, Leonor, que agora morava com Jânio, não queria a amante do marido vivendo em uma casa que, afinal de contas, era sua também. Então, o deputado levou Nena para um sobrado que possuía na avenida Lins de Vasconcelos, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. O irônico é que, mais tarde, quando os meninos já estavam suficientemente crescidos, ficou óbvio pelo método utilizado na época, o “olhômetro”, que eles eram filhos de Guerreiro; além de tudo, não havia caso de gêmeos na família Quadros. Mas agora que tinha começado a briga, o deputado, até por uma questão de honra, levou a defesa da paternidade até o fim.

Josv© Guerreiro e Gabriel Quadros
Gabriel Quadros agredindo José Guerreiro

José Guerreiro também não arredou o pé. Logo foi fazer uma visita a Nena, na Lins de Vasconcelos. Disposto a reaver os filhos, ele passou por cima da vontade da mãe deles e os levou dali para o cômodo onde morava, nos fundos de um sobrado na Mooca, zona leste de São Paulo. Ao saber do “sequestro”, Gabriel Quadros juntou cinco capangas, carregou sua arma e rumou para a Travessa Nelson Atallah, 9, onde ficava o sobrado. Foi disposto a “resgatar” Jaime e José Carlos. Era por volta de 8 horas de um sábado, dia 18 de maio de 1957, quando o deputado e três de seus homens arrombaram a porta do cômodo e avançaram na direção dos garotos. Ainda so nado, o feirante recebeu diversas pancadas, inclusive de cassetete, mas lutou contra os agressores como pode, usando um pedaço de caibro que encontrou perto da cama. Mesmo estando em minoria, conseguiu imobilizar o rechonchudo rival e arrancar dele a arma. No meio da confusão, desatinado, José Guerreiro disparou seis vezes contra Gabriel Quadros, que caiu morto. Não satisfeito, o feirante virou a arma na direção dos capangas do deputado, que, apavorados, correram em disparada. Na fuga, levaram os gêmeos. Como estava apenas de ceroulas, Guerreiro, que tinha então 30 anos, voltou para o cômodo, vestiu-se e sumiu dali.

DE PENHOAR, SEM SAPATO

Nena, a pivô do crime
Nena, a pivô do crime

Em pouco tempo, a pacata travessa e as ruas adjacentes foram tomadas por uma multidão de curiosos. Para se aproximar da investigação, e saber em primeira mão detalhes do que tinha ocorrido, os vizinhos se dispunham a prestar testemunhos voluntariamente. A polícia isolou a área, barrando o acesso inclusive de jornalistas, para efetuar o exame pericial. O corpo de Gabriel Quadros foi levado para o necrotério do Hospital Santa Catarina, onde o submeteram à autópsia. O laudo assinado pelos médicos legistas César Berenguer e Mattosinho França apontou como causa mortis “hemorragia interna traumática”. A Secretaria de Segurança Pública determinou que a Polícia Rodoviária vigiasse as saídas de São Paulo, a fim de impedir que o carro de placas 2-99-66, usado pelos capangas de Gabriel Quadros para fugir com as crianças, deixasse a cidade. Enquanto isso, vizinhos de Nena na avenida Lins de Vasconcelos afirmaram tê-la visto saindo às pressas de casa, por volta das 9 horas do sábado – portanto depois de o crime ter sido consumado. Ela ainda estava de penhoar quando embarcou em um carro que a aguardava. Tamanha era sua pressa que, ao entrar no veículo, deixou para trás um dos sapatos. Soube-se depois que o carro no qual embarcara era o mesmo que os homens de Gabriel Quadros utilizaram para fugir com Jaime e José Carlos.

Assim que tomou conhecimento do crime, o governador Jânio Quadros encaminhou um despacho para a Secretaria de Segurança determinando a abertura imediata de uma investigação rigorosa. “O homicídio de que foi vítima o deputado Gabriel Quadros deve ser objeto de rápido inquérito, para apuração de responsabilidades. O autor (ou autores) não sofrerá qualquer coação ou violência, assegurando vossa excelência o governador, de forma absoluta, garantias e direitos da lei.” O enterro ocorreu na tarde do próprio sábado, com a presença do governador, que, segundo seus assessores, foi ao cemitério do Araçá apesar de estar com a saúde “debilitada” (uma gripe, segundo contou a J.P uma fonte próxima a Jânio na época). O presidente Juscelino Kubitschek não compareceu. Foi representado pelo presidente da Câmara dos Deputados Ulysses Guimarães. Conhecendo o pai de sobra, Jânio declarou à imprensa durante o féretro que José Guerreiro agira em legítima defesa da honra. Embora seja comum se afirmar que foi o governador que absolveu o criminoso, Jânio apenas o perdoou – ele não tinha essa prerrogativa. O feirante foi indiciado, ficou preso preventivamente durante alguns dias, respondeu a processo e ganhou a liberdade sem ir a júri, em 1959. Para neutralizar o efeito do escândalo, o governador chegou a declarar sua carreira política encerrada – mas, ao contrário disso, em dezembro daquele mesmo ano registrou sua candidatura a deputado federal pelo PTB do Paraná, e, depois de eleito, passou a acumular os dois cargos. Os gêmeos reapareceram com a mãe, por quem foram criados. Nena se desquitou do feirante.

Fonte : http://glamurama.uol.com.br/direto-da-revista-j-p-o-assassinato-do-pai-de-janio-quadros/[/su_spoiler] [su_spoiler title=”A doação das taças para revolução constitucionalista de 1932″ style=”fancy”]

Neste 9 de julho comemora-se a Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.

revolucaoFoi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. A Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente (atualmente denomina-se governador) do estado de São Paulo, Júlio Prestes, na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís colocando fim à República Velha, invalidando a Constituição de 1891 e instaurando o governo provisório, chefiado pelo candidato derrotado das eleições de 1930, Getúlio Vargas.

Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.

Para sustentar as despesas com a Revolução, muitas pessoas, instituições e empresas efetuaram doações ao comando paulista, principalmente de metais que eram derretidos e transformados em armamentos para as tropas.

O C.A.Juventus, como quase todas as entidades que permeavam a coletividade paulistana, não ficou alheio a campanha militar de 1932. Como prova de seu apoio a Revolução, o clube doou 101 taças e troféus a Campanha do Ouro. Por este motivo, parte deste seu rico e glorioso patrimônio do passado foi transformada em balas, capacetes e fuzis. Suas glórias, até então, passaram a constar apenas em atas, livros e registros da época.

Além disso, durante o conflito, o Juventus e os demais clubes procuraram colaborar com o governo paulista, cedendo dependências de suas sedes para que ali se instalassem enfermarias. Além disso, o clube participou das campanhas de arrecadação de alimentos enlatados, sabonetes, prestando inestimável colaboração a causa bandeirante.

Outra curiosa atividade que os esportista juventinos tomaram parte foi na formação do Regimento Militar Esportivo que consistia num pelotão do exército formado por atletas, a fim de combaterem no fronte de batalha. Felizmente, nenhum atleta do C.A. Juventus que esteve no campo da luta se feriu ou foi abatido em combate.

Os troféus foram encaminhados por intermédio de correspondência oficial com o seguinte teor, que muito demonstra o sentimento patriótico que prevalecia à época, em especial dos dirigentes do C.A. Juventus:

São Paulo, 25 de agosto de 1932

Illmºs. srs. Directores da Associação Paulista de Esportes Athleticos

Nesta

Prezados Senhores,

Com o presente, entregamos a Vs. Ss. 115 tropheos, nossa contribuição pró Sagrada Causa de São Paulo.

Taes tropheos representam toda a vida esportiva desta agremiação.

Em cada um deles palpita uma recordação, uma victoria ou um feito esportivo. Nelles, por assim dizer, se resume todo o nosso passado.

São modestos, na sua maioria, esses tropheos, porque Clube novo sahido ainda hontem das pelejas varzeanas, outros não tem para dar.

Dá, porém tudo o que tem e sentir-se-á feliz se porventura a sua contribuição poder servir de alguma cousa, por pequena que seja.

Innumeros “Juventinos” correram a luta na defesa de São Paulo e do Brasil; se esses bravos offerecem á nossa querida terra a sua vida, o Juventus lhe offerece também tudo o que seja seu.

Clube Paulista estamos com São Paulo para viver ou para morrer.

Á gloriosa Associação Paulista de Esportes Athleticos, integrada como sempre na defesa de São Paulo, entregamos pois, tudo o que temos para que lhe dê o destino conveniente, e no dia da victoria de São Paulo, que é certa e não está longe, sentir-nos-emos orgulhosos pelo dever cumprido; nem outro galardão desejamos.

Tudo por São Paulo.

Sem mais, apresentamos nossos maiores protestos de elevada estima e consideração, subscrevendo-nos

C.A. Juventus

Obs: fonte: livro “Glórias de um Moleque Travesso”, de autoria de Angelo Eduardo Agarelli, Fernando Razzo Galuppo e Vicente Romano Netto[/su_spoiler]

[su_spoiler title=”Franete – A Pista de Skate da Mooca” style=”fancy”] franete1Quem ainda lembra da Franete? A famosa loja de equipamentos para skatistas que funcionou de 1978 a 1980 e que, ao fundo, tinha uma pista conhecida por grande quantidade de skatistas, inclusive os mais famosos, que ainda se lembram com saudade desse local e desse tempo.

franete2 A Franete ficava localizada na Av Paes de Barros 2950. No terreno de fundo da Franete Skate Surf Shop ficava a extinta skatepark, um misto de snake (linguagem dos skatistas), que dava em um pequeno bowl, também tinha um half (foi feita depois) , com transição muito rápida e sem plataforma

Tradução dos termos :

franete3Skatepark: área construída especificamente para a prática do skate, podendo ter vários obstáculos de street e/ou vertical;

Street : modalidade de skate em que as competições são realizadas em lugar plano e com diversos obstáculos;

Bowl: rampa com vertical (ou não) em que a transição é construída fazendo uma circunferência de 360º (imagine uma bacia cortada ao meio);

Half: rampa no formato de U que tenha pelo menos dois metros de altura

franete4Fonte : http://www.skatecuriosidade.com/pistas-skt/pista-extinta-franete-skatepark e

http://maresiasradical.blogspot.com.br/2013/04/skate-dicionario-sk8.html

Nossos agradecimentos ao Eduardo Yndyo Tassara Rodrigues pela colaboração

[/su_spoiler] [su_spoiler title=”Mooca – Capital do Vinil” style=”fancy”]

vinil1Manoel Jorge Dias, o Manezinho da Implosão, formado em engenharia de minas participou de grandes implosões no Brasil, como da Arena Fonte Nova, do Palace II e até mesmo do Carandiru.

Nascido no Ipiranga, tem o bairro apenas como referência de seu nascimento já que veio morar na Mooca, mais precisamente na rua Natal, quando tinha apenas três anos e lembra: “Morei na rua Natal quando ainda era rua de terra, repleto de terrenos vazios.

Meu pai comprou um bar ali que existe até hoje.”

Na Mooca, estudou numa escolinha de madeira ao lado da igreja São Pedro, na rua Ibitinga, a qual ele se recorda com muito carinho, passou pelo Galixo em 1962, pelo Armando Araújo, pelo Dom Bosco e pelo MMDC quando inaugurou, onde passou seis anos.

Embora particularmente seja conhecido como Manezinho da Implosão, por força de sua principal atividade profissional, no meio mooquense ele é mais conhecido por sua atividade como proprietário de casas de antiguidades e, principalmente, pela fenomenal coleção de discos de vinil, que tem sido objeto de inúmeras reportagens da imprensa, tornando a Mooca “a Capital do Vinil”

Manezinho conta que todo o acervo, quantificado em um milhão de lps, 400 mil compactos, 200 mil livros, 70 mil discos de 78 rotações, 7 mil quadros, esculturas e objetos de colecionismo, totalizando aproximadamente dois milhões de itens foi acumulado ao longo de dez anos e de forma impensada, por isso, engana-se quem pensa que todo o acervo foi acumulado por décadas, ou que é herança familiar, como comumente as pessoas imaginam ao depararem-se com a espantosa quantidade de itens no acervo.

Tudo começou a acontecer no ano 2000, depois de “cometer a loucura de comprar cinco carretas de roupas femininas em um leilão e não saber onde colocar”, Jorge montou uma loja, na Mooca, na rua do Oratório, que foi um fracasso retumbante, como ele conta.vibil2

Com o fracasso dos negócios da loja e com tanta mercadoria encalhada, após um sequestro, surgiu a ideia de um renascimento e daí veio a ideia de fazer um tipo de escambo, onde as pessoas trariam, primeiramente, livros para receber como forma de pagamento pagamento roupas.

O que aconteceu, foi que os livros acabaram ficando esquecidos e todos queriam trocar seus vinis e fez com que isso tomasse proporções inimagináveis, como certa vez quando Jorge encontrou um lojista interessado em vender um grande lote de vinis para comprar um imóvel. Com ele, era o inverso. “A gente se cruzou e comprei 200 mil discos de uma vez só”, conta. “Tive que levar tudo em dinheiro e, toda noite, durante uma semana, carreguei caminhões e caminhões de discos de vinil.”

Ainda que agora seja montar um roteiro do vinil entre os espaços que possui casarão Jorge se lembra que nunca teve qualquer tipo de interesse de comercializar os discos ou os livros, pois foi pego de surpresa não imaginava o ressurgimento do vinil que viria a ensejar em tal forma de comércio em todo o mundo. Tão expressivo tem sido o crescimento da procura por seus produtos que Manezinho acaba de inaugurar mais uma loja, no conhecido casarão rosa situado na esquina Rua dos Trilhos com a Rua Clark, onde já virou um ponto de encontro de aficionados pelos vinis não só da Mooca mas também de várias partes de São Paulo.

vinil3O porquê de o vinil ter voltado? Ele responde: “ Por que a Música hoje está sendo apresentada de uma forma muito mais simples, não palpável, e o vinil é totalmente o contrário. O vinil você pega, limpa, tem o lado A, o lado B. Existe um ritual de ouvir música. Hoje todo mundo está se incrustrado num mundo individual e o vinil proporciona exatamente o contrário, um congraçamento entre as pessoas.

Como na época da Bossa Nova, onde os vinis eram caros e as pessoas se reuniam na casa do vizinho para ter acesso à essa música. É isso que faz com que o vinil tenha voltado desta forma. Não é saudosismo, as novas gerações querem uma experiência palpável.”

* Fotos de Vitor Bandeira

* Matéria elaborada em setembro de 2014

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Inauguração do Viaduto Alcântara Machado” style=”fancy”]

São raros os filmes com imagens antigas do Bairro Mooca. Por isso este pode ser considerado uma raridade, malgrado a má qualidade das imagens.

Trata-se da inauguração da primeira parte do viaduto Alcântara Machado, que ligava a Rua Conselheiro Justino a Rua Piratininga, ocorrida em 1957. A segunda fase do viaduto foi construída posteriormente.

Veja o vídeo clicando aqui

Filme fornecido por Manoel Capela Vieira, a quem agradecemos.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Conquista da Taça de Prata” style=”fancy”]

1983 – Campeão Brasileiro Série B – Taça de Prata

taca1Nada de melancolia ou tristeza. Essa era a ordem do técnico Candinho após a eliminação da equipe na Taça de Ouro. O comandante grená reconhecia o valor da sua equipe e confiava plenamente num bom desempenho na disputa da Taça de Prata. Além do mais, o tempo era curtíssimo para chorar o leite derramado. Quatro dias após o jogo contra o Goiás-GO, o Juventus já teria pela frente na estreia da Taça de Prata outro quadro goiano: o Itumbiara.

Em sistema eliminatório, o time da Mooca venceu o Itumbiara no jogo de ida, no Parque São Jorge, pelo placar de 3 a 1, no dia 13 de março, gols marcados Ilo e Sidnei (2), construindo uma boa vantagem. No jogo de volta, em 20 de março, um empate em 1 a 1, gol de Bira, garantiu a classificação juventina.

Nas quartas de final, o Galícia-BA era um adversário categorizado e temido. No dia 27 de março, o Juventus venceu a primeira batalha frente aos baianos pelo placar de 3 a 2, no estádio da Fonte Nova, gols marcados por Cesar, Ilo e Sidnei. Na partida de volta, em 2 de abril, nova vitória por 2 a 1, gols de Cesar e Gatãozinho, no estádio do Parque São Jorge, garantiu vaga aos grenás para a semifinal.

Nessa fase, o Joinville se apresentava como um grande desafio. Um suado empate em 0 a 0, no dia 10 de abril, em Joinville, trouxe a decisão para a capital paulista. Uma semana depois, no estádio do Parque São Jorge, Trajano e Cesar garantiram a vitória do Juventus pelo placar de 2 a 1 e a vaga na finalíssima.

Na grande final, os alagoanos do CSA não prometiam vida fácil para os paulistas. Começaram a criar um clima de hostilidade na imprensa e inflamaram os ânimos dos torcedores com declarações pouco publicáveis. Nesse ambiente de guerra, a melhor técnica do Juventus sucumbiu na primeira partida da final, realizada na cidade de Maceió, no dia 24 de abril. O time da Mooca foi vencido pelo placar de 3 a 1, tendo o único tento grená sendo anotado por Ilo.

Precisando da vitória para forçar o jogo desempate, no dia 1º de maio, no estádio do Parque São Jorge, o Juventus entrou a todo vapor etaca2 atropelou os alagoanos pelo placar de 3 a 0, que não viram a cor da bola. Gatãozinho, Bira e Trajano foram os artilheiros avinhados na partida.

Três dias depois, em 3 de maio, no mesmo Parque São Jorge, perante 3.205 pagantes, o Juventus mostrou toda a sua garra e tradição e com uma cobrança de penalidade máxima anotada por Paulo Martins, o Moleque Travesso vencia o CSA por 1 a 0 e conquistaria o título de Campeão Brasileiro da Série B.

Carlos (G), Nélson, Deodoro, Nelsinho, Bizi, César, Paulo Martins, Gatãozinho, Sídnei, Ilo (Bira), Cândido (Mário). Técnico: Candinho.

Foram esses os heróis juventinos que escreveram os seus nomes no olimpo sagrado dos grandes vencedores, no maior feito, até então, da história gloriosa do Clube Atétlico Juventus.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Sociedade Amigos da Dalmácia – Croácia” style=”fancy”]

dalmacia1Todos os mooquenses estão sobejamente acostumados com a influência européia na cultura do Bairro, principalmente a italiana, portuguesa, espanhola e outras com menor intensidade, mas muitos se surpreendem ao passar pela Rua Tobias Barreto, 454 e se depararem com um imóvel, muito bem conservado, com uma placa indicando ali estar sediada a “SADA – Sociedade Amigos da Dalmácia-Croácia”. Poucos são os que conhecem alguma coisa a respeito.

A Dalmácia é uma região geograficamente situada ao sul da Croácia, ocupando a maior parte de seu litoral banhado pelo Mar Adriático, rico em ilhas e montanhas. Com clima ameno proporciona encantamento aos turistas, que chegam para conhecer suas belezas e suas histórias, história esta deixada pelos muitos conquistadores que por lá passaram.

Habitada por muitos povos, dentre eles Ilírios, gregos, romanos e, por fim, eslavos croatas. Com a mistura destes povos nasceu uma civilização mediterrânea. Durante o governo do império romano, os Dálmatas tiveram a sua própria língua, chamada dalmatense que, ao longo de sua trajetória histórica, transformou-se em dialeto, onde mistura-se a língua italiana e croata.dalmacia2

Os Dálmatas, com seu povo bravo, sempre estiveram à frente dos destinos da nação. Na segunda guerra mundial, participaram bravamente para a liberação do nazismo, criando uma nova Iugoslávia e hoje pertencem a uma Croácia independente.

Os Dálmatas são católicos. Praticamente todas as cidades da região têm seu próprio santo padroeiro. As maiores festas religiosas são : de Nossa Senhora e de Nossa Senhora Menina, quando o povo mais festeja, principalmente nas aldeias montanhosas de Kozjak, Biokovo e Mosor.

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Revista da Mooca

Por suas tradições culturais deixadas por seus conquistadores é rica em danças folclóricas, principalmente nas ilhas. As danças são reflexos das culturas deixadas tanto pelos guerreiros como pelos românticos.

Um dos filhos famosos da Dalmácia é Marco Polo (1254-1324), um dos mais antigos e famosos navegadores venezianos, porém cuja origem, até hoje, é motivo de discussão entre os venezianos e os dálmatas. Segundo estes últimos, Marco Polo nasceu na ilha de Kórcula, mas foi criado e educado em Veneza.dalmacia4

A Sociedade Amigos da Dalmácia – Croácia, cujos associados são de várias nacionalidades, mas a maioria é de dálmatas-croatas, foi criada com a finalidade de reunir os filhos dessa maravilhosa terra.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Colégio Oswaldo Cruz” style=”fancy”]

oswaldo1Idealizado pelo arquiteto A. Toledo, com arquitetura original belíssima, amplas portas e janelas e detalhes em vidro e madeira, muito bem preservados, ergue-se à rua da Mooca, 2183, o prédio que abriga a E.E. Oswaldo Cruz, fundada por decreto de 07 de fevereiro de 1914 como “Segundo Grupo Escolar da Mooca”, sendo a escola instalada em 14/04/1914. Já em 1915, tendo como diretor Pérsio da Cunha Canto, segundo o Anuário do Ensino do Estado de São Paulo desse ano, foram matriculados 1.090 alunos.

Desde então, alguns acontecimentos compuseram a história da Escola :

– Em 22/02/1917 também com base em decreto, teve mudada a denominação para Grupo Escolar Oswaldo Cruz em homenagem ao eminente médico sanitarista.

– Logo em seguida, ou seja, em 27/02/1917, pelo decreto 52.597 o secretário de Estado dos Negócios da Educação, no uso de suas atribuições legais, autoriza o funcionamento do Segundo Grupo Escolar do Cambuci incorporando-o ao Grupo Escolar Oswaldo Cruz. com utilização das salas e demais dependências do prédio.

– Com a integração o Grupo Escolar Oswaldo Cruz passou a denominação de Unidade Integrada de Primeiro Grau Oswaldo Cruz.

– Em 29/01/76 a U.I.P.G. Oswaldo Cruz passou a ser denominada E.E.P.G. Oswaldo Cruz.

– Em 1918, a escola conseguiu fundar um núcleo de escoteiros filiado à Associação Brasileira de Escotismo.

– Em 1955 organizou a Bandinha Rítmica com várias apresentações na televisão.

– Com a reorganização das escolas, em 1996 passou a ter a denominação Escola Estadual de Primeiro Grau Oswaldo Cruz, passando a atender os jovens de 5ª à 8ª séries do Ensino Fundamental e oferecer o curso de EJA – Educação de Jovens e Adultos, destinado aos alunos de 5 à 8 séries no período noturno.

– No ano de 1999 com a denominação que prevalece até hoje – Escola Estadual Oswaldo Cruz -, iniciou em suas dependências o ensino médio regular no período da manhã.

– No ano de 2003 EJA – Ensino Médio noturno.

– No ano de 2004 passou a trabalhar como escola Vinculadora da Fundação Casa.

– No ano de 2005 inicia novamente ao atendimento a alunos de 1ª a 4ª série.

– No ano de 2008 fechou o período noturno

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Festa de primeiro aniversário da Escola

A Escola Estadual Oswaldo Cruz conta hoje com 26 classes entre Ensino Fundamental 1º ao 9º ano e Ensino Médio, além das 11 classes da unidade de Internação Feminina – como vinculadora da Fundação Casa – com aproximadamente 40 professores em exercício, 16 funcionários, gerente de organização escolar, 04 professores coordenadores, 01 vice diretor e o diretor de escola.

Tem como objetivo principal a formação intelectual do educando, exercício da cidadania, seu prepara para o trabalho e seguir nos estudos superiores. Promove formas diferentes de motivação para a aprendizagem, visando a qualidade do ensino e um bom atendimento à comunidade.

A escola é aberta à comunidade, integrando, construindo e participando junto aos pais, professores, alunos e funcionários, seu papel principal: educar e formar cidadãos conscientes e críticos, com a melhoria da qualidade de ensino, promovendo formas diferentes de motivação para aprendizagem, visando a qualidade de ensino, incentivando atividades extra-classe, como eventos esportivos e culturais com a participação da comunidade.

Em função de sua interessante e histórica arquitetura, o prédio passou por um processo de tombamento, sendo que em 1998 foi objeto de algumas obras de restauração visando a preservação de suas características. O tombamento foi formalizado em 07 de agosto de 2002.

A arquitetura é tão interessante que, segundo sua atual Diretora (desde 2007) Angela Maria Limberg, é comum ser procurada para autorizar a filmagem de cenas em seus interiores.

Milhares de mooquenses passaram por essa escola, lembrando sempre com carinho desse período. A eles se aliam dezenas de milhares de outros mooquenses que se orgulham de ter em nosso Bairro esse centenário local tão importante, charmoso e histórico.

(matéria inserida em 23/03/2014)

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”O Marco Zero da Moca” style=”fancy”]

marco_zero1Hoje, passa quase que totalmente despercebido mas há alguns anos era um ponto turístico do Bairro. Estamos falando do Marco Zero da Mooca, placa colocada na escada de uma loja situada na confluência da Rua do Oratório com a rua da Mooca, local conhecido como Praça Vermelha, já retratada neste Portal em http://www.portaldamooca.com.br/pcavermelha.htm .

Na verdade não encontramos uma explicação formal para essa placa, nem a data de sua colocação mas é certo que está lá há algumas dezenas de anos, ao menos antes da década de 50, mas pelas próprias inscrições nela contidas é uma placa oficial da Prefeitura.

Por relato de antigos moradores consta que a mesma faz referência ao ponto geográfico central do Bairro Mooca, ao menos à época em que foi colocada.

O fato é que a placa vem fazendo parte da história (ou ao menos das curiosidades) do Bairro.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Os entregadores de pão” style=”fancy”]

pao1A foto conhecida como “Entregadores de Pão” já foi reproduzida por diversos jornais e revistas sem que, todavia, se identificasse a sua localização e história.

Recentemente, a revista Veja publicou matéria a respeito trazendo, finalmente, os esclarecimentos que a seguir transcrevemos:

“O imigrante alemão Otto Breneizer (1909-1960) costumava acordar de madrugada para preparar pães. Dono da padaria e confeitaria São Gustavo que ficava na Rua Marques de Valença, na Mooca, ele colocava todos os funcionários para trabalhar às 2h30 da manhã. Antes das 5 horas, as fornadas eram embarcadas em catorze carroças cobertas puxadas por cavalos. Breneizer (a primeira pessoa que aparecepao2 na foto por detrás de todas as carroças nesta foto de 1949) fiscalizava a produção de perto. Logo depois do almoço, voltava para a cozinha a fim de preparar a fornada da tarde, que saía por volta das 16 horas. “A padaria funcionou até o fim dos anos 50, quando ele ficou doente e decidiu vender o negócio”, lembra o professor Renato Breneizer, neto do imigrante”

Veja fotos comparativas do local em 1949 e atualmente (2011):

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Companhia Antárctica Paulista” style=”fancy”]

antartica1A Companhia Antarctica tem uma importância muito grande para a Mooca. Além de ter empregado milhares de moradores da região, a empresa mantinha uma escola de boa qualidade destinada principalmente para os empregados e para seus filhos, construiu, também, uma vila residencial para seus técnicos, além de criar e manter um clube – o ARCA – de saudosa memória não só pelos momentos alegres que proporcionou aos seus usuários como também por possuir um time de futebol que alcançou muito sucesso na várzea paulistana.

Certamente é muito difícil de acreditar mas a Antarctica, fundada em 1885, de propriedade de Joaquim Salles junto com outros sócios, localizada no bairro de Água Branca, na cidade de São Paulo, era um abatedouro de suínos, produtora de presunto e outros derivados de carne de porco, além de ser, também, produtora de gelo, daí o nome do continente gelado.antartica2

Ainda em 1885, a Antarctica ganha sua primeira logomarca: uma estrela de seis pontas com a letra “A” inscrita em seu centro. A estrela, usada pelos fabricantes europeus desde a Idade Média.

antartica3Em 1888, o cervejeiro alemão Luiz Bücher, que desde 1868 possuía uma pequena cervejaria, sabedor que era da ociosidade da fábrica de gelo da Antarctica e de que a empresa era dotada de água limpa e de frigoríficos para acondicionar a bebida propôs uma sociedade a Joaquim Salles.

Com o êxito da negociação criou-se a primeira fábrica de cerveja do país com tecnologia de baixa fermentação, com uma capacidade de produção de 6 mil litros diários. A Antarctica teve seu primeiro anúncio publicado no então jornal “A Província de São Paulo”, atual estado de São Paulo, em março de 1889: “Cerveja Antarctica em garrafa e em barril – encontra-se à venda no depósito da fábrica à Rua Boa Vista, 50”.

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Arquivo: Elizabeth Florido e www.saopauloabandonada.com.br

Interessante citar que o primeiro logotipo feito para reproduzir a decantada cerveja trazia dois ursos brancos polares sobre um campo de gelo, supostos habitantes do continente antártico, a Antártica (na marca, grafada como Antarctica). Mas por não haver ursos no pólo sul, o símbolo logo mudou para os dois pingüins sobre um campo de gelo, que prevalece até hoje.

Sob a perspectiva do contexto histórico, o Brasil passou da fase colonial para a República, em 1889. Nesta época o Brasil efetivamente iniciava seu processo de industrialização. Em 09 de fevereiro de 1891 foi oficialmente fundada a “Companhia Antarctica Paulista” como sociedade anônima, com 61 acionistas.

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Arquivo: Elizabeth Florido e www.saopauloabandonada.com.br

A primeira crise, no entanto, aconteceria apenas dois anos depois, em 1893, quando a oscilação do mercado cambial e a necessidade de importação de matéria-prima trouxeram sérios problemas para manter o ritmo da produção. Neste momento, outro alemão, Antônio Zerrener, proprietário de uma casa de importação, fez um acordo com os acionistas e passou a ter o controle de mais de 50% do capital da companhia, encabeçando a lista de acionistas pelo resto da vida. A participação da cerveja no mercado, neste período, aumentou significativamente até se tornar uma das bebidas mais populares do país. Num segundo momento, a Antarctica diversificaria seus investimentos, marcando os anos 20 com o início da produção de seu famoso guaraná.

O produto foi lançado no mercado brasileiro no mês de abril de 1921 pela Companhia Antarctica Paulista com o nome de Guaraná Champagneantartica6 Antarctica. O novo refrigerante só foi lançado no mercado quando os técnicos da empresa conseguiram eliminar a adstringência e o amargor natural da fruta. Além do agradável sabor, uma de suas principais características era ser um refrigerante natural. Num inteligente lance de marketing, a empresa apresentou uma bebida com características espumantes, o que contribuiu para associá-la ao champanhe, bebida com bastante prestígio junto aos consumidores. Desde aquela época, a Antartica já comprava o fruto do guaraná diretamente de fornecedores da região de Maués (Amazonas) para produzir o extrato na sua unidade industrial localizada na cidade de São Paulo. A famosa versão Caçulinha do Guaraná Antarctica foi lançada em 1949, em garrafinha de vidro de 185 mililitros, embalagem até então inédita no Brasil. As embalagens pequenas e de fácil transporte, eram perfeitas para o lanche das crianças e passeios com toda a família.

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Arquivo: www.saopauloabandonada.com.br

A sob a direção da Zerrener, Bülow & Cia. a empresa foi reorganizada e focou-se na fabricação de cerveja e refrigerantes. A partir de então recuperou-se e passou a crescer rapidamente, sendo que em 1904 adquire o controle acionário da Cervejaria Bavaria, na Mooca, que pertencia à Henrique Stupakoff & Cia. Neste local em 1920 passou a se situar a sede do Grupo Antarctica.

Em 1923 morre Adam Von Bülow deixando 5 filhos como herdeiros, dos quais dois vendem ações da companhia ao sócio Zerrenner, que se torna majoritário. O filho primogênito Carl Adolph Von Bülow passa a representar a família dos Von Bülow na direção da empresa.

A partir de 1930, Antarctica e Brahma passaram a eliminar quase todas concorrentes e dividiam a liderança da produção de cerveja no Brasil.

Zerrenner morre em 1933 sem deixar herdeiros e seu testamento pedia que seus bens fossem enviados à Alemanha. O testamento foi anulado e os bens passaram para a esposa Helene. Esta faleceu em 1936 sem deixar herdeiros no Brasil e os bens de passaram para a Fundação Antonio e Helena Zerrenner.

antartica8O testamenteiro Walter Belian se torna administrador da Antarctica mantendo um gentlement agreement na administração da empresa junto com a família Bülow, que foi rompido em 1942 após a morte de Carl Adolph Von Bülow. Seguiu-se então uma longa disputa pelo controle da companhia, a filha de Adam Ditrik Von Bülow, Andrea de Morgan Snell que tinha guardado suas ações nomeou seu marido Luis de Morgan Snell como presidente do grupo até 1952. Walter Belian morreu em 1975.

Somente em 1944 a Fundação Brasileira conseguiu incorporar ao seu patrimônio os bens deixados pela viúva do casal Zerrener, que contavam 58,74% do capital social. A partir desta data, a empresa voltou-se à expansão da produção, importando maquinários da empresa americana Geo J. Meyer Mfg.

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Parque Antarctica

Em 1939 houve um fato curioso, quando Ademar de Barros, interventor federal do Estado Novo de Getúlio Vargas ocupou militarmente a Antarctica e prendeu seus diretores, por considerar que a empresa era “uma propriedade de alemães”. Posteriormente, o próprio Getúlio interveio, desculpando-se junto à empresa pelo mal entendido.

Em 1986, depois falecimento de Luis de Morgan Snell seguiu no conselho de Administração da Antarctica Paulista o segundo acionista do grupo depois da Fundação Antonio Helena Zerrenner seu neto Louis-Albert de Moustier que vendera sua participação em 2003 terminando a historia da família von Bullow na Antarctica.

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Parque Antarctica

Poucos sabem, também, que nos anos 1900 a cervejaria criou um espaço de convívio e lazer no Bairro de Água Branca, o Parque Antarctica de São Paulo (que atualmente abriga o estádio de futebol do Palmeiras), com a finalidade de tornar a bebida popular. Conseguiu, pois uma multidão corria ao Parque da Antarctica nos finais de semana e feriados. Ali havia bosques, pavilhões rústicos lembrando a Alemanha (terra da cerveja), pista de esportes, carrossel e restaurantes. Em 1920 a Antarctica vendeu para a S.E Palmeiras, a baixo preço o terreno de 150 mil metros quadrados em troca de um contrato perpétuo de venda dos produtos da companhia.

antartica11Infelizmente, do ponto de vista econômico, mas muito mais afetivo, de nossa memória, “perdemos” a Antarctica na Mooca, para a cidade de Jaguariúna, interior paulista, e para outras partes do Estado e do país. Ela se internacionalizou, virou Ambev junto com a Brahma, em 1999, e até hoje não deu um destino certo ao seu antigo endereço. Tanto que essa área industrial é tida como obsoleta e ociosa em São Paulo, alvo certo dos especuladores imobiliários.

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Prédio atualmente Arquivo: www.saopauloabandonada.com.br

As grandiosas instalações da Cia Antarctica na Mooca, vazias, ainda se encontram na Av. Presidente Wilson e, pela sua importância histórica e arquitetônica, encontram-se em processo de tombamento junto aos órgãos competentes. A população mooquense luta pela sua preservação arquitetônica e transformação em um espaço público destinado a cultura e lazer.

Fontes :

http://www.wikipedia.com

http://www.ambev.com.br/emp_03b.htm

http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/junho2006/ju327pag8c.html

http://saopauloabandonada.com.br/antarctica-paulista/

Agradecimentos especiais a Elizabeth Florido e Douglas Nascimento

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Hipódromo da Mooca” style=”fancy”]

Talvez alguém encontre algumas incorreções ao ler este texto, mas isso não faz mal, porque ele não é uma pesquisa histórica, é apenas uma viagem às minhas lembranças de infância, é só um passeio sem compromisso pelas coisas que vivi e pelos casos que os mais velhos me contavam. E como o tempo sempre distorce um pouco as coisas que temos guardadas no baú da memória, por favor, sejam tolerantes.

Wanderley Duck (*)


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O pátio da estrada de ferro Santos-Jundiaí na Mooca, entre os armazéns e fábricas da época se destacam, no fundo à esquerda, a fábrica de bebidas da Antarctica

Nascer na Mooca, na época em que eu lá nasci, era um privilégio discutível, mas o que não dava para discutir era que todo moquense tinha um orgulho danado de ser cria daquele bairro.

O motivo desse orgulho eu não sei ao certo, talvez fosse por causa da importância do lugar na história da cidade, ou talvez por conta do seu pioneirismo em relação as novidades que vinham de fora, realmente não sei o motivo, a única coisa que sei com certeza é que, do sério ao inconseqüente, do trágico ao divertido, era ali que quase tudo acontecia.

Desde antes dos tempos da chegada da folclórica e festeira italianada que atravessou o Atlântico per fare la America, até os meados da era da industrialização do país, que começou verdadeiramente naquela região do Brás, Mooca, Vila Prudente e Ipiranga, graças a ferrovia que atravessava os quatro bairros, foi naquele pedaço da cidade que boa parte da história do Brasil foi escrita.

Temos que lembrar também dos muitos movimentos políticos e sindicais que tiveram o seu início por lá.

Além disso tudo, não podemos deixar de mencionar que as novidades dos já mais recentes anos 50 e 60, antes do que em qualquer outro lugar, se instalavam primeiro por ali, para só depois se espalhar pelo restante do país.

O lado divertido desse pioneirismo, entre muitas outras bobagens, foram coisas como a Mooca ter tido a primazia do primeiro lava-rápido do Brasil, da primeira lanchonete a copiar os americanos que a gente via no cinema e fazer hambúrguer, do primeiro drive in, da primeira quadra de tênis de aluguel e até quando o tobogã virou uma moda efêmera, foi lá que o primeiro se instalou.

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O hipódromo da Mooca em 1924

Quem anda hoje por aquelas ruas, vê poucos sinais das indústrias que fizeram São Paulo acontecer depois da era do café e também não vê quase mais ninguém com aquele jeitão de “orra meu”, que era a expressão de espanto mais típica do típico moquense.

Imagino que todos conheçam aquele verso que diz que “o novo vem e o velho tem que passar”, sem contar que a especulação imobiliária também não perdoa, mas infelizmente muitas vezes esse progresso, essa vinda do novo, faz vítimas preciosas, como foi o caso do Hipódromo da Mooca.

Quando ele foi construído, aquela parte de São Paulo ainda pertencia a então Freguesia do Brás e era nele que aconteciam as corridas de cavalo do Jóquei Clube. Só muitos anos depois é que o Jóquei se mudou para o seu novo Hipódromo de Cidade Jardim, lá pras bandas do Rio Pinheiros. Naquele tempo pioneiro, era nesse da Mooca o único lugar da cidade aonde haviam corridas de cavalos propriamente ditas, porque no trote da Vila Guilherme, na zona norte, o que tinha eram aquelas corridas com cavalos puxando pequenas charretes.

Os freqüentadores do setor destinado aos sócios eram a elite da época, vinham com seus carrões e, nas ocasiões solenes, vestiam fraque e cartola. Muitos chegavam acompanhados de suas senhoras, todas trajadas com o melhor da última moda européia, com direito a aqueles chapéus chamativos e tudo o mais que tentasse fazer lembrar o charme dos derbys da Inglaterra.

Como se tratavam das pessoas mais influentes da sociedade, não é difícil concluir que, envolvidos por aquelas cartolas e por aqueles chamativos chapéus femininos, muitos negócios importantes para a vida de toda a população foram fechados naqueles saraus eqüestres. Além desses negócios, acordos fundamentais para a economia e para a política nacional, foram alinhavados no setor social daquele hipódromo.

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Bondes da Rua dos Trilhos, seguindo para o Hipódromo em dia de grande prêmio. A letra X ao invés do número na linha lateral da parte superior, indicava que eram os bondes extras que a companhia colocava para reforçar a linha, nos dias em que aconteciam eventos com grande afluência de público.

Claro que o povão também podia entrar, mas, como não eram sócios, ficavam em uma área chamada de populares… e era povão que não acabava mais lá nas populares.

Não sei se por falta de opções de lazer na época, ou se por gostarem mesmo de fazer uma fezinha nos cavalos, o fato é que vinha gente da cidade inteira para as corridas. Vinham tantas pessoas, que nos dias de grande prêmio os moradores do bairro nem podiam pegar o bonde de tão lotado que ficava, ia gente, literalmente, até no teto.

Para fugir dos bondes lotados, alguns turfistas acabavam improvisando e pegavam carona nos vagões de carga de uma pequena ferrovia que hoje não existe mais, uma espécie de trenzinho que havia por lá.

Essa pequena ferrovia saia das cercanias da Estação do Brás, o começo dela era perto de onde hoje é o Memorial do Imigrante, e servia para levar materiais de arruamento e pavimentação a um depósito da Prefeitura, que ficava lá para os lados da Rua Taquari.

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Mapa do guia Levi de 1955,com a seta em azul indicando a pequena ferrovia que havia na região. A estrada de ferro do lado esquerdo do mapa é a Santos-Jundiaí e a que aparece na parte superior é a central do Brasil.

Segundo me contavam os mais velhos da família da minha mãe, vovozinhos que quando moços viveram de uma pequena chácara que tiveram no final da Rua Javari, na época em que ainda não havia o bonde número 11, o Bresser, esse trenzinho também servia para os chacareiros da região levarem as suas verduras para o Mercado Municipal.

Como ele não tinha vagões de passageiros, o jeito era ir sentado no chão dos vagões de carga mesmo, pequenas gôndolas sem cobertura, do mesmo jeito que faziam as pessoas que iam para as corridas.

Para os chacareiros era uma viagem complicada, porque o trenzinho só os levava até um determinado ponto e de lá eles tinham que andar bastante com as caixas de verduras em carrinhos de mão, até chegarem aonde passava o bonde que finalmente os conduzia até o Mercado. Esse bonde era conhecido como “cara dura”, era mais barato e servia não apenas aos chacareiros da então distante zona leste, mas também aos operários mais simples que moravam naquele lado da cidade.

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O bonde “Cara dura”

Voltando a falar das corridas, o turfe acabou penetrando tanto na alma dos moquenses que, mesmo depois que se mudou para a Cidade Jardim, o Jóquei Clube manteve por lá a sua agência de apostas, que aliás continua no mesmo lugar até os dias de hoje, na Rua Orville Derby, travessa da Rua da Mooca. Nos anos 80 tiveram que trocar de prédio e foram para um mais novo do outro lado da calçada, mas nunca saíram daquela rua.

Com o tempo, alguns descendentes daqueles italianos que realmente conseguiram “fazer a América” e progrediram na vida, deixaram o simples gosto pelas apostas e acabaram virando proprietários e criadores de cavalos, haja vista alguns excelentes plantéis e também alguns renomados haras da atualidade que pertencem a pessoas das novas gerações daquelas antigas famílias, gente nascida e criada no bairro.

Se a história tivesse se limitado apenas ao que lhes contei até agora, um hipódromo pioneiro com o esperado acontecendo nele, ou seja, um monte de cavalos correndo, uma elite fazendo a sua vida social e muita gente indo apostar, talvez o lugar realmente não merecesse ser preservado. Só que a coisa não parou por aí, porque um dia os automobilistas da época perceberam que aquela raia poderia servir também para corridas de automóveis nos horários em que estivesse ociosa e assim acabaram transformando aquele lugar no primeiro autódromo do Brasil.

Foi ali que, em 1902, começaram as primeiras corridas de automóveis do país, eram somente três carros que competiam, mas tudo bem, porque a São Paulo daquela época tinha no máximo só uma dúzia de automóveis mesmo e então três corredores foi um número bastante significativo.

hipodromo6Apenas nos anos seguintes é que começaram algumas provas de rua, como a São Paulo a Santos, que na verdade foi só de São Bernardo do Campo até Cubatão, culminando tempos depois com a Corrida do Parque Antarctica, em 1908, quando foi estabelecido o chamado Circuito de Itapecerica, considerado o primeiro circuito oficial do país.

Mas se carro pode, avião também pode e aí dá até para imaginarmos que foi pensando assim que o pioneiro Edu Chaves colocou aquele hipódromo agora na história da aviação, quando decidiu terminar seu vôo histórico de Santos a São Paulo pousando lá.

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Edu Chaves em Santos em 1912

Na verdade não foi bem isso, nem passava pela cabeça dele a idéia de aterrissar ali, mas aconteceu que ele teve uma dificuldade de navegação e, no sufoco da escuridão da noite chegando, foi o lugar mais conveniente que ele encontrou. O francês Roland Garros o seguia em um outro avião e pousou logo depois. Não tinha uma alma, ninguém sabia que eles iam pousar lá, nem eles mesmo, e então, como já estava anoitecendo, os dois pularam o muro e foram procurar um transporte para voltar para casa.

hipodromo8O detalhe é que eles pularam aquele muro com uma carta no bolso, um envelope que iam entregar para uma pessoa chamada Gabriel Corbisier, era uma correspondência da firma Antunes dos Santos & Cia para ele, ou seja, foi primeiro vôo de correio aéreo da América do Sul, com direito a pulada de muro e tudo o mais.

De vez em quando aconteciam algumas festas lá no hipódromo, eles emprestavam para agremiações, partidos políticos e até mesmo para empresas que quisessem usar o lugar para suas comemorações.

hipodromo9O meu pai trabalhava na CMTC e uma vez foi lá que fizeram a festa de fim de ano para os filhos dos funcionários. Eu ganhei um trenzinho de plástico muito parecido com este desta foto.

A meia embalagem de papelão era idêntica, só que tinha uns dois ou três vagões a mais e representava um circo viajando, com vagões jaula com alguns animaizinhos dentro, alojamento com chaminé torta e outras coisas bem próprias de um trem de circo.

Claro que não durou muito tempo nas minhas mãos de molequinho destruidor, mas nunca me esqueci daquele trenzinho que ganhei no hipódromo.

Também foi por conta dessa generosidade da diretoria do Jóquei Clube em ceder o local, que integralistas, anarquistas e comunistas muitas vezes lotaram as arquibancadas com suas bandeiras e estandartes e, não raro, chegaram às vias de fato com opositores, ou mesmo com a polícia, que ia lá para impedir alguma manifestação. Eu me lembro de uma dessas pancadarias na época do Getúlio, eu era muito pequeno, mas lembro da correria como se fosse hoje.

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Plínio Salgado e uma rara foto de crianças filhas de integralistas, esse meninos eram jocosamente apelidados de salgadinhos pelo povo da época.

Aliás, conta a lenda da Mooca, que uma das últimas peripécias do Plínio Salgado e dos poucos integralistas que sobraram ao lado dele quando o Brasil se uniu aos Aliados, foi fugir do hipódromo e correr a Rua dos Trilhos inteira com um monte de gente atrás querendo bater neles. Só escaparam porque entraram em uma casa que nem sabiam de quem era na Rua Itajaí, era a casa dos Tortorelli, eu estudei com as netas, e aí a Dona Catarina, uma oridundi típica, saiu com uma vassoura na mão e não deixou ninguém entrar para pegar o Plínio e seus galinhas verdes. Na Mooca o respeito as mammas era uma coisa muito séria, principalmente se elas estivessem com uma vassoura na mão.

Como citei o Getúlio, vale lembrar que ele também fez as suas presepadas lá no hipódromo, mas lembrar só um pouquinho, porque foi coisa triste. A temida polícia política dele usou aquelas arquibancadas para a concentração de presos, enquanto esperavam para serem levados ao presídio que eles tinham lá na Celso Garcia. Diziam que lá na Celso Garcia a coisa era feia, tortura, gente que sumia…

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A fábrica do Crespi severamente danificada durante a revolução de 1924, a revolução esquecida

Falando em tempos ruins da nossa história, em algumas das revoluções em que São Paulo se envolveu o hipódromo também acabou sendo atingido. Nem tanto por ter servido só umas poucas vezes para fins militares, mas sim pelo fato dele ficar perto de muitas fábricas importantes da cidade, como a fábrica do Crespi, e a imprecisa artilharia da época ter errado as fábricas e acertado nele.

Mas, voltando aos aviões, muito tempo depois do Edu Chaves e do Roland Garros terem pulado o muro, alguém pediu permissão para usar o lugar como ponto de partida para vôos panorâmicos e assim, quando nem os cavalos e nem os automóveis estavam correndo, a aviação voltou novamente a operar por lá.hipodromo12

Para completar esse envolvimento com a aviação, agora em uma escala muito maior, alguns anos depois o hipódromo acabou virando uma espécie de pequena base aérea, destinada a instrução prática de técnicos da Força Aérea Brasileira.

Essa história começou quando a quase vizinha Hospedaria dos Imigrantes, aonde hoje é o Memorial do Imigrante, já estava praticamente sem função, porque já faziam alguns anos que as levas de imigrantes que tinham que chegar já haviam chegado.

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Vista aérea da Escola Técnica de Aviação, no prédio que anteriormente abrigou a hospedaria dos imigrantes.

Por conta dessa falta de novos hóspedes, o prédio foi cedido para a Força Aérea montar ali uma escola de especialistas, a ETAv – Escola Técnica de Aviação, para a formação do seu pessoal de apoio, como mecânicos, eletricistas, controladores de vôo, etc.

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Alunos e professores da escola posam em frente ao prédio que atualmente é ocupado pelo Memorial do Imigrante.

Acredito que a grande maioria das pessoas que visitam o atual Memorial do Imigrante, nem imaginam que um dia funcionou uma instalação da FAB naquele local.

O lugar de fato era excelente, quase que perfeito para as atividades da nova escola, o único senão era que ele não dispunha de nenhuma grande área a céu aberto para as solenidades próprias de uma instituição militar, como formaturas e comemorações de datas importantes, e foi aí que o hipódromo entrou na história, porque a solução que os militares encontraram foi a de passarem usar o seu quase vizinho Jóquei Clube para esses eventos.

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Solenidade de formatura de alunos da Escola Técnica da Aviação no Hipódromo da Mooca, com um raro C-87 ao fundo.

Daí a conseguirem colocar lá no hipódromo aviões, para a instrução em terra dos seus alunos, foi um passo e assim, em pouco tempo, o Jóquei Clube passou a abrigar uma pequena, mas muito significativa, frota de aeronaves que a FAB.recebeu dos Aliados para a formação e aperfeiçoamento do seu pessoal de manutenção.

Aliás, quem gosta de aviões da segunda guerra mundial iria se deliciar se pudesse voltar no tempo e visitar aquele lugar, porque lá havia nada menos do que um Lockheed B-34, um Douglas B-18 Bolo,

dois North American B-25 Mitchell, um Douglas A-20C Havoc com camuflagem de deserto da RAF,

um Vultee A-35B Vengeance, um Republic P-47 Thunderbolt e dois Curtiss P-40E Kittyhawk, todos eles em condições de vôo.hipodromo16

Além desses clássicos que voavam, eles também tinham alguns aparelhos já sem condições de vôo que serviam apenas para o treinamento em solo dos alunos, muitos deles aves raras em termos de Brasil.

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Um dos Curtiss P-40 Kittyhawk, vendo-se ao fundo as cocheiras do Hipódromo

Entre os não voadores se destacava este Consolidated C-87 Liberator Express, que também aparece de fundo naquelas fotos da formatura dos alunos. O C-87 era a versão de transporte do antológico bombardeiro B-24 Liberator.

Apesar de ter chegado voando, ele já estava com algumas limitações operacionais e por isso foi usado somente para instrução no solo, motivo pelo qual ele recebeu a denominação de IS-C-87, esse IS era o indicativo de instrução no solo.

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O raro IS-c-87 número 2054, com a pintura da FAB na cauda e o símbolo da escola no nariz, mas ainda mantendo a insígnia americana.

Ele foi o único exemplar da família dos Liberators que a FAB teve e recebeu a matrícula número 2054.

Ainda falando dos que não voavam, existiram alguns que nunca receberam a matrícula da Força Aérea Brasileira, como foi o caso de um Bell P-39D Airacobra, que ficava sobre cavaletes. Esse avião era uma verdadeira salada, porque tinha a pintura e as insígnias da Inglaterra e matrícula dos Estados Unidos, era o USAAF 41-6914.

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O motor do P-39 Airacobra que está exposto no museu Aeroespacial, um Allison V-1710-85 de 1.200 HP, ele trabalhava com canhão acoplado.

O seu motor sobreviveu até os dias de hoje e atualmente está em exposição no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.

Além dele, nessa mesma condição de não voadores que não receberam a matrícula da FAB, destacavam-se um Curtiss 0-52 Owl com camuflagem da força aérea americana e um Martin 187 Baltmore com pintura da RAF.

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Um Martin 187 Baltimore semelhante a este permaneceu com a pintura Royal Air Force.

Mas, como eu disse no começo, veio o tal do progresso, o Hipódromo da Mooca foi ao chão e, entre viadutos, grandes jardins, calçada da Radial Leste, sede da subprefeitura da Mooca e outras coisas, fica até difícil de saber onde ficava aquele hipódromo, onde boa parte da história de São Paulo aconteceu.

Que pena, deviam ter conservado aquele lugar, foi para o chão que nem a saudosa maloca do Adoniran Barbosa.

Acho que na época que o dono mandou derrubar, faltou lá no hipódromo a Dona Catarina com a sua vassoura na mão, para colocar pra correr os homens que vieram fazer a demolição.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Gato preto juventino” style=”fancy”]

O gato preto juventino

Uma interessante história relacionada ao futebol é contada por velhos torcedores do C.A. Juventus.

No ano de 1953, o Juventus encontrava-se em uma difícil situação na tabela do campeonato paulista de futebol, com enormes possibilidades de ser rebaixado para a segunda divisão, lutando ferozmente para evitar essa queda.

A partida seguinte seria uma das últimas a ser disputada naquele torneio e a vitória era importantíssima. Alguns diretores reunidos, discutindo a importância desse jogo, quando um deles sugeriu a contratação de um “bruxo” (na atualidade muitos clubes recorrem a um “pai de santo”). No desespero pela obtenção de um bom resultado, o grupo houve por bem acatar a sugestão.

No sábado que antecedia a partida a ser realizada no domingo, lá estava o bruxo no estádio da Rua Javari para executar seu trabalho. Recomendou a algumas pessoas que ali estavam presentes que prestassem muita atenção no campo e, de repente, um gato preto adentra o gramado pelo gol situado à direita, percorre em desabalada carreira todo o gramado e entra no gol contrário (o gol da creche), diante de uma pequena platéia estupefata.

No dia seguinte, o Juventus venceu a partida por 3 x 1 e, coincidentemente (ou não), todos os tentos juventinos foram marcados justamente no gol onde o gato penetrou.

Recentemente, a torcida do Juventus, ao tomar conhecimento dessa história, resolveu homenagear o gato preto com a confecção de uma bandeira, colocando-a justamente na grade atrás do “gol do gato preto”.

Em tempo : essas mesmas pessoas contam que, em uma outra ocasião, esse mesmo bruxo foi levado para benzer os jogadores do Juventus. Todos aceitaram, menos o famoso atacante argentino Negri, que tinha outras convicções. Justamente esse atleta teve que abandonar a partida em função de uma contusão…

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”O primeiro título estadual de basquete do Juventus” style=”fancy”]

O Diário Popular de 02 de abril de 1969 publicou a seguinte matéria em sua seção de esportes amadores :

“JUVENTUS DERROTOU CORINTHIANS, AGORA JÁ É CAMPEÃO DE BASQUETE

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Da esq. para direita. Em pé Sr. Paschoal Ugliano (diretor de basquete), Sr. Sergio Agarelli (diretor de esportes amadores), Sr. José Weiss, Sr. José Saiani, Sr. Miguel (assistente Técnico), sr. Julio Cerello (Técnico), Sr. Rubens Cerialle. Atletas da esq. para direita . Em pé: Marco Antonio Saiani, Carlos Molina Munhoz, João Olegário Weiss, Reinaldo Alegre, Jorge Miguel Bauab. Sentados: Sergio Valdez Agarelli, Elcio Tumenas, José Carlos Saiani e Rubens Geraldo Cerialle. Arquivo: Sergio V. Agarelli

A luta da gente juventina em busca de um título dentro do esporte amador culminou, na noite de ontem, com a conquista do campeonato estadual da categoria pré-mirim ( …)”

Essa conquista foi, de fato, o primeiro título estadual de uma equipe de basquete do Juventus e referia-se a um campeonato pré-mirim (sub- 13). Realizado no ginásio do Esporte Clube Sírio e contou com o campeão do Interior, Clube Luso-brasileiro de Bauru e as quatro melhores equipes do campeonato da Grande São Paulo: EC Pinheiros, CA Juventus, SC Corinthians Paulista e SE Palmeiras.

A campanha dos garotos juventinos com 4 vitórias e 1 derrota, foi a seguinte:

Fase de classificação

Juventus 38 X Palmeiras 25

Juventus 41 X Corinthians 55

Juventus 35 X Luso de Bauru 30

Juventus 40 X Pinheiros 31

Final

Juventus 41 x 31 Corinthians

A partida final, foi realizada na noite de 1º de abril de 1969, com o Corinthians, cujo técnico era Wlamyr Marques, confiante por já haver vencido o Juventus na fase de classificação, começando melhor e terminando o primeiro tempo na frente do placar . Entretanto, o Juventus, orientado por Júlio Cerello, reagiu de forma espetacular no segundo tempo, virando o jogo e alargando o placar a seu favor. Destacou-se o atleta do Juventus, José Carlos Saiani (Zé Galinha), que durante a partida fez 25 pontos, consolidando a sua posição de Cestinha do torneio, o qual, mais tarde, viria a integrar a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, juntamente com Marcel de Souza, que naquela final sub-13 defendeu o Corinthians Paulista.

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Diário Popular de 02/04/1969 Arquivo: Sergio V. Agarelli

Participaram da inesquecível campanha, os seguintes personagens:

Diretor de Esportes Amadores: Sérgio Agarelli

Diretor de Basquete : Paschoal Ugliano

Diretores Adjuntos : José Weiss, Siqueira e Rubens

Técnico : Júlio Cerello

Aux. Técnico : Miguel

Massagista : Chester

Atletas :Carlos Molina Munhoz, Elcio Tumenas, João Olegário Weiss, Jorge Miguel Bauab, José Carlos Saiani (capitão), Marco Antonio Saiani, Reinaldo Alegre, Rubens Geraldo Cerialle e Sergio Valdez Agarelli.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”Encontro da turma de 1973 do Colégio MMDC em 2008″ style=”fancy”]

Em 31 de outubro de 2008, a Turma do Colegial de 1973 do Colégio Estadual MMDC reuniu-se para festejar seu 35º aniversário de formatura.

mmdc1O Jantar Dançante aconteceu no Restaurante do Clube Atlético Juventus e contou com o entusiasmo e alegria contagiante de cerca de 80 pessoas, entre ex-alunos e seus familiares. A maioria dos participantes já havia se encontrado por ocasião do 30º aniversário de formatura, em 2003, porém, para alguns essa foi a primeira oportunidade, após mais de tres décadas, de rever seus antigos colegas, o que emocionou a todos sem exceção.

Os presentes também foram honrados com a participação da Professora Erdna, a qual, em virtude de sua simpatia e compreensão com os alunos, sempre foi aclamada como a paraninfa simbólica da Turma.

Por sua vez, o Colégio MMDC não ficou de fora do evento e enviou sua bandeira para que fosse hasteada no local, o que muito orgulhou a todos.

Com a promessa de novos encontros, viagens e jantares, a festa terminou na madrugada do sábado com a presença de Angela Carlovich, Cida Oricchio, Cleusa, Concetta, Edu Baroni, Edson Pepe, Elicélia , Elisabeth Adelaide, Fábio Jorge, Gerson e Marie, Giácomo e Leliana, Horácio, Ivani, Isaías, José Márcio, Lenice , Leonilda, Luiz Ramon , Manoel “Jorgete”, Márcia Lívia, Maria José , Maria Abadia, Maria Regina, Maricila, Marília, Marina, Maura, Melão, Michele, Milú, Mirtes, Marcos, Pedro, Pertinhez e Malú, Regininha, Rosa Foz; as irmãs Rosa, Rosmari e Sonia Piccinino; Rosana; Sergio Agarelli, Solange e Sonia Barsotti.

Veja a galeria de fotos do encontro e também uma homenagem aos antigos professores do MMDC, em fotos de 1997 no anfiteatro do Colégio e cedidas por Marisa Tarateta (irmã da Marina) da turma da 8ª série de 1968, bem como a foto do time de futebol do colegial de 1972.

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”A Vila da Omel” style=”fancy”] A Omel é um dos principais fabricantes de bombas de processo, centrífugas, vácuo, dosadoras,

A Vila da Omel Arquivo Portal da Mooca
A Vila da Omel Arquivo Portal da Mooca

medidores de vazão e sopradores, com forte atuação nos segmentos de indústrias de açúcar e álcool, mineração, papel e celulose, químico e petroquímico, dentre outros.

A Omel foi fundada em 1952 pelo empresário italiano Sr. Giovanni Vallo, com sede na Rua Catarina Braida, bairro da Mooca em São Paulo, ali permanecendo até meados dos anos 80 quando, por questões comerciais, foi transferida para a cidade de Guarulhos, onde ainda está operando.

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Uma das casas da Vila da Omel Arquivo família Vallo

Quando ainda na Rua Catarina Braida, os escritórios da indústria estavam localizados em várias casas pertencentes a uma simpática vila localizada ao lado do prédio da fábrica. Após a transferência da empresa para Guarulhos, naturalmente as casas ficaram sem uso. Após o falecimento do Sr Giovanni Vallo, um de seus filhos, Marzio Vallo e sua esposa a arquiteta Débora Elisabeth Notrispe Vallo, que nunca perderam o vínculo afetivo com a Mooca, resolveram reformar todas as casas preservando, todavia, as características originais das quase centenárias construções, que datam da década de 1920.

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Marzio Vallo, Débora Elisabeth Notrispe Vallo, Sra Marianita Del Moro e sua irmã, do jornal Fanfulla Arquivo Portal da Mooca

Os resultados dessa magnífica iniciativa de preservação histórica podem ser vistos “in loco” e nas fotos que ilustram esta matéria.

Uma outra curiosidade dessa Vila Omel é que uma das casas, por deferência da família Vallo, é ocupada como sede do “Jornal Fanfulla”, criado em 1893 e voltado principalmente à colônia italiana de São Paulo.

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Estande da Omel na Feira Internacional de Mecânica Arquivo da Omel

Outro fato interessante, desta feita não relacionado à Vila, mas a empresa Omel, diz respeito à sua participação na 27ª edição da Feira Internacional de Mecânica, realizada no mês de maio de 2008. Nesta edição da Feira, a Omel resolveu homenagear suas origens e as velhas fábricas da Mooca construindo em seu estande (foto) um chaminé característico das antigas fábricas do bairro, tornando-se um ponto de intensa visitação durante o evento.

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[su_spoiler title=”Família Neves-Santoro e o Circo Arethuza” style=”fancy”] Não se pode dizer que a família Neves-Santoro é uma família tradicional da Mooca. Pelo menos no que se refere ao seu ramo de atividade. É que a maior parte de seus componentes se dedicou ao circo, criado

O domador de cobras Arquivo: Anna Maria Santoro
O domador de cobras Arquivo: Anna Maria Santoro

pelos seus antepassados. E quem nos conta essa tudo a respeito é a professora de história Anna Maria Santoro, autora de um trabalho denominado “Desvendando os baús do Circo Arethuzza – o circo como um princípio educativo”, mooquense de berço e esposa de um herdeiro direto da família Neves-Santoro. Então, respeitável público com vocês o Circo Arethuzza!

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Circo da Rua João Caetano Arquivo: Livreto “Teatro Arthur Azevedo”

Segundo Anna Maria o circo foi fundado em 1865 pelo comendador João Miguel de Farias,. “o comendador foi uma pessoa interessantíssima, foi capaz de na época, em 1870, desenvolver um elixir contra picada de cobra, além do seu número circense ser algo inédito : ele soltava as cobras no palco e pelo som que ele emitia, as cobras se levantavam, pegavam um chapéu e colocavam na cabeça dele”.

Depois da morte do Comendador o Circo foi comandado pelo seu genro Antonio das Neves e através dele, acabou fincando raízes na Mooca : “depois da década de 30, quando percebeu que estava muito difícil ficar viajando pelo interior de São Paulo e pelo Brasil, o Antonio adquiriu uma série de casas na Rua Hipias, na Mooca e toda a família circense passou a morar lá, apresentando-se pelos bairros de São Paulo”.

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Arethuzza Fonte : Livreto “Teatro Arthur Azevedo”

Na Mooca o circo instava-se geralmente no “Campo dos Bois”. Dificilmente algum morador da Mooca daquela época deixou de freqüentar, pelo menos uma vez, o Arethuza. E uma das que mais fanáticas era a nossa entrevistada. Foi quando Anna Maria conheceu o artista Antonio Santoro Junior. “E eu nunca iria imaginar que um dia viria a me casar com ele”

E foi depois desse assentamento que deu-se origem à união das famílias Neves e Santoro, além do nome do circo tornar-se “Arethuzza”, uma vez que já havia chamado Luso-Brasileiro e Colombo. O porque da mudança? A Anna Maria nos explica : “ Foi uma homenagem de Antonio das Neves à sua filha Arethuzza, a primeira aramista do Brasil”.

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Arethuzza Fonte : Livreto “Teatro Arthur Azevedo”

Já a união das famílias ocorreu de forma bem simples, a viúva Santoro precisava trabalhar e foi pedir asilo no circo, já que ela sabia costurar e poderia ser útil no mesmo, então as crianças cresceram todas juntas e para casar-se foi um pulo. “Casaram-se três irmãos e uma irmã da Família Neves com três irmãs e um irmão da Família Santoro. O meu marido é filho de Antonio Santoro e Alzira das Neves”, disse Anna Maria.

Mas quem pensa que a vida no circo era só ensaios e apresentações está muito enganado. As crianças, por exemplo, tinham um professor particular, o padrinho Barbosa, que lhes ensinava todas as matérias, tudo isso porque elas não eram aceitas nas escolas por serem nômades, mas a aramista Arethuzza dava muita importância ao conhecimento e se preocupava com o futuro da sua família. Portanto o ensino era fundamental.

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Circo Arethuzza Fonte : Livreto “Teatro Arthur Azevedo”

Inclusive isso é uma das poucas coisas que se têm em comum com os circos de hoje. O aprendizado é fundamental, mas o restante é muito diferente, como nos explica a Anna Maria: “Naquela época o circo exercia o papel que o teatro exerce hoje. Todos os clássicos da literatura eram exibidos no circo. Além de cantores como Vicente Celestino, Chico Alves, Tonico e Tinoco, além de Eduardo das Neves, o primeiro cantor negro a gravar um disco no Brasil, e artistas em geral, como os palhaços que eram peças fundamentais. E na família Santoro-Neves tinha um famosíssimo, o palhaço Tomé”.

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Eduardo Neves Arquivo : Anna Maria Santoro

Com todos esses atrativos vocês devem estar se perguntando, e a banda? A banda era peça fundamental mesmo com os avanços da tecnologia. Claro que o seu papel foi diminuindo, mas sempre participava de um número circense e das apresentações do Hino Nacional que era tocado sempre nas primeiras sessões, em sessões especiais e quando chegavam numa cidade nova.

E por falar em cidade nova há um história bem interessante a respeito disso. Segundo a Anna Maria o que nós chamamos de concorrência o povo circense chamava de “competência”, isso porque havia o hábito em que quando duas famílias de nomes importantes chegavam na mesma cidade, eles faziam um desafio no qual os dois circos se apresentavam e o que trouxesse maior público ficava no local. “Era uma concorrência sadia, e o maior exemplo disso foi o incêndio do circo Arethuzza em Campinas (1934), além da ajuda de toda a família Neves-Santoro, o impressionante foi a total colaboração das outras famílias circenses, e em menos de um mês o Arethuzza já estava funcionando. Quer exemplo melhor que esse?”

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Cartaz de uma das peças apresentadas Arquivo : Anna Maria Santoro

Não, Anna, realmente não é necessário. Deu para sentir o quanto o povo circense é unido, e principalmente a importância da família nesse meio, mesmo porque várias gerações fizeram do circo Arethuzza um dos melhores do Brasil, inclusive Antônio Santoro Júnior, marido da Anna Maria e bisneto do fundador, que chegou a trabalhar no circo até a década de 60 quando estava com 20 anos e só parou porque percebeu que o circo não ia agüentar mais por muito tempo, já que as atividades foram encerradas em 1964, e o declínio se deu com a chegada da televisão na década de 50. “Os circos que continuaram eram os que faziam espetáculos como eram feitos na televisão e o Arethuzza não quis, preferiu fechar as portas para manter o que era tradicional ”, disse Anna Maria.

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Picadeiro do Circo Arethuzza Arquivo : Anna Maria Santoro

E o que “era tradicional” ainda foi exibido na década de 80, através das releituras apresentadas pelo Antonio Santoro Júnior no Teatro Arthur Azevedo juntamente com seus alunos da faculdade de Belas Artes, onde interpretavam o “Drama da Paixão”, tradicional no circo. Foram quase 10 anos de apresentação.

Vale ressaltar a importância dessa entrevista para não deixar a história dessas famílias e do circo Arethuzza morrerem, já que o circo daquela época é uma raridade, “minha vontade era poder editar esse material porque na minha opinião daqui duas gerações ninguém mais saberá o que foi o circo. Fizemos uma exposição na Pinacoteca do Estado em março de 1994, mas ainda há muita coisa a ser vista e não queremos que isso permaneça somente dentro das nossas famílias.”

Nem nós, Anna Maria.

Entrevista concedida em março/2003 para Roberta Cury

[/su_spoiler] [su_accordion] [su_spoiler title=”O primeiro Malote de Correio Aéreo veio parar na Mooca” style=”fancy”]

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O biplano Curtiss Fledgling K 263 Arquivo : www.reservaer.com.br

No Brasil o serviço de correio aéreo teve seu início na década de 30, sendo na verdade dois serviços diferentes: o Correio Aéreo Naval (CAN), cuja origem era o Correio Aéreo da Esquadra, operado pela Aviação Naval e o Correio Aéreo Militar (CAM), operado pela Aviação Militar. Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, os serviços foram unificados sob a insígnia do Correio Aéreo Nacional.

Nessa época a navegação aérea era baseada na identificação visual, no rumo marcado na bússola e no tempo medido nos relógios de pulso. Só se voava de dia.

Idealizado pelo então Major Eduardo Gomes, em 12 de Junho de 1931, acontecia o primeiro vôo do que seria o Correio Aéreo Militar. Sob o comando do Tenente Nelson Freire Alvenére-Wanderley e o Tenente Casemiro Montenegro Filho, o biplano Curtiss FledLing de matrícula K263, apelidado de “Frankenstein” por ter suas formas angulares desprovidas de qualquer beleza, decolou do Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro rumo a São Paulo carregando um malote com apenas duas correspondências.

Por causa do mau tempo, a primeira mala postal transportada do Rio para São Paulo percorreu em cinco horas e meia o percurso que hoje é feito em menos de uma hora. Quando os aviadores chegaram ao Campo de Marte já era noite e não podiam pousar por falta de iluminação.

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Primeiro impresso de propaganda do Correio Aéreo Militar Arquivo : www.reservaer.com.br

A solução encontrada foi aterrissar no Jockey Club da Mooca, local onde hoje está situada a Subprefeitura Mooca. Daí eles pularam o muro, pegaram um táxi e foram até a estação central dos Correios para efetuar a entrega da mala postal, dando por cumprida a missão.

E a Mooca esteve presente em mais um acontecimento histórico no cenário nacional.

Colaborou : Eduardo Moreira

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[su_spoiler title=”Escola Técnica de Aviação” style=”fancy”] Em 1943, o governo do Estado de São Paulo cedeu para o Ministério da Aeronáutica as instalações da Hospedaria dos Imigrantes (hoje Memorial do Imigrante), localizada à Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no bairro da Mooca,

Vista aérea da E.T.Av
Vista aérea da E.T.Av

para ali ser instalada a Escola Técnica de Aviação, com a finalidade de formar técnicos e especialistas para os trabalhos de manutenção das aeronaves da Força Aérea Brasileira.

Conforme consta de documentos da época, “o Edifício imponente, bela arquitetura, de extensa área, todo ajardinado, belas árvores frondosas, amplas dependências, adequou-se perfeitamente à nova missão, com inúmeros Departamentos e Laboratórios montados com modernos equipamentos e recursos auxiliares destinados à instrução: hospital, teatro, biblioteca, estação de rádio difusão, alfaiataria, alojamentos, refeitórios e bar”.

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Inauguração da E.T.Av em 02/03/1944, vendo-se o Ministro Salgado Filho discursando, ao centro, o governador de São Paulo Fernando Costa e o Presidente Getúlio Vargas

A Escola Técnica de Aviação, embora tenha iniciado suas atividades em 22 de novembro de 1943, com apenas 4 alunos, a inauguração oficial ocorreu em 2 de maio de 1944, com a presença do Presidente da República Getúlio Vargas mas, impulsionada pelo crescimento vertiginoso do poder aéreo naquela época, que exercia verdadeiro fascínio sobre os jovens, no seu primeiro ano de funcionamento estavam matriculados 4.000 alunos de diversas especialidades: sistemas hidráulicos; hélices; instrumentos; motores; aviões; soldador; manutenção, reparação e operador de Link Trainer; meteorologia; manutenção de pára-quedas; manutenção, reparação e operador de rádio; viaturas motorizadas; sistemas elétricos; chapas e metal; máquinas e ferramentas

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Alunos da E.T.Av

Além desses cursos especializados, havia também instrução militar, educação física, atividades complementares de cunho social e visitas a Organizações Públicas e Privadas.

Os cursos eram ministrados por instrutores americanos, cerca de 300, “havendo a obrigatoriedade de o aluno ser fluente na língua inglesa – conta o Sargento Bottene, aluno da 6ª turma- Os alunos eram muito bem preparados, recebiam o que havia de melhor em conhecimento de aviação para a época”.

Próximo à Escola, havia o Hipódromo da Mooca, local onde ficavam os aviões destinados à instrução dos alunos no solo: 1 Lockheed B-34; 2 North American B-25 Mitchel; 2 Curtiss P-40E Kittyhawk; 1 Douglas A-20K Havoc; 1 Douglas B-18 Bolo; 1 Vultee A-35B Vengeance; 1 Republic P-47 Thunderbolt 

Por ocasião do seu primeiro aniversário, a Escola Técnica recebeu a seguinte citação do Ministro da Aeronáutica: “Esta Escola é o maior empreendimento que poderia ser levado a efeito pelo progresso e fortalecimento da Aviação Nacional. Estamos nós seguros e certos de que esta foi a maior etapa vencida para que pudéssemos ter uma aviação condigna”.

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Aldo Caropreso e companheiros de esquadrilha junto ao P-40

Os militares formados por aquela Escola, em uma época de amplos desafios, ombrearam-se com seus companheiros oriundos da Escola de Especialistas do Galeão e não permitiram que a lacuna de pessoal existente aumentasse. Foram a mola propulsora e o sangue novo que permitiu à Força Aérea Brasileira manter seus aviões operando com segurança e empregando-os nas missões em defesa da liberdade, tanto na Campanha do Atlântico Sul quanto na Campanha da Itália.

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Formatura realizada no Hipódromo da Mooca em 1947

Durante a cerimônia de formatura na E.T.Av. era realizada a passagem da Ferramenta Simbólica. Um aluno transmitia, nesse ato solene, a um outro aluno da próxima turma a ser formada, uma chave inglesa.

Na formatura da 23ª Turma da E. T. Av. 21 Jul 45, esteve presente o General Mark Clark, que comandou, na 2ª Guerra Mundial, o V Exército Aliado, ao qual estava integrada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Desse escalão expedicionário faziam parte, como unidades da FAB, o 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação.

Na solenidade militar, o general americano usou da palavra dizendo “do prazer de se encontrar naquele instituto, onde técnicos estavam sendo graduados, congratulando-se com os funcionários e instrutores norte-americanos e brasileiros que trabalhavam em conjunto para chegar a tal resultado”.

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O General Mark Clark, comandante do V exército americano e General Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB

E prosseguiu: “É o mesmo quadro que trabalhou em cerrada colaboração na Europa e obrigou as tropas alemãs a conhecerem o amargor da derrota. A admiração e respeito mútuos desenvolvidos através da luta no solo e no ar, amassados em suor e sangue, devem continuar para sempre e perpetuar os laços de amizade entre os dois países.

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Comando da E.R.Av dia de solidariedade

Ouvi falar muito de vossa cidade antes de vir a São Paulo. Quando a FEB chegou para servir na Itália, quis saber de onde vinham aqueles soldados cheios de pletora e entusiasmo que costumavam dirigir “jeeps” e caminhões de duas toneladas a oitenta quilômetros por hora. Alguém sugeriu que andassem mais devagar, mas responderam-lhe que era impossível, pois esses rapazes vinham de São Paulo, a cidade de movimento mais rápido do mundo. E eu não queria retardá-los por nada deste mundo, porque eles deram uma enorme contribuição à paz que estabelecemos na Europa. Tenho a dizer-vos que vos deveis orgulhar da vossa Força Expedicionária. Que Deus vos proteja”!

Após o término da guerra, em 1945, e até 1950, chegaram outras 250 modernas aeronaves para equipar os esquadrões, o que vem ratificar a sábia decisão de se criar a Escola Técnica de Aviação, pois se assim não fosse a operacionalidade da Força Aérea estaria seriamente comprometida.

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Alunos da E.T.Av

A Escola Técnica de Aviação, em decorrência do seu crescimento, em 1945, ocupava vários prédios vizinhos, alugados pelo Ministério da Aeronáutica. Era necessário pensar em construir novas instalações. Pensou-se no Hipódromo da Mooca, no entanto, a Prefeitura de São Paulo tinha um projeto de construir um parque para os moradores daquela região.

A Escola Técnica de Aviação funcionou na Mooca durante 10 anos, até 1953, quando foi extinta pelo Decreto nº 34.095, de outubro daquele ano, e fundiu-se com a Escola de Especialistas da Aeronáutica, já em sua nova sede, na cidade de Guaratinguetá.

Fonte: http://www.reservaer.com.br/biblioteca/e-books/etav/

Matéria sugerida por Mauricio Ogoshi a quem agradecemos

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[su_spoiler title=”A Mooca foi caminho dos Jesuítas” style=”fancy”] No Natal de 1553, desembarcaram 13 jesuítas no porto de São Vicente. Seu jesuitalíder, o padre Manoel da Nóbrega, incumbiu Manuel de Paiva e José de Anchieta a subirem com os demais a Serra de Paranapiacaba até o Planalto de Piratininga. Lá fundaram, em 25 de janeiro, um colégio na colina que ficava no encontro do córrego Anhangabaú com o rio Tamanduateí, em plena aldeia do índio Tibiriçá.

O Colégio de São Paulo dos Campos de Piratininga foi o núcleo em torno do qual cresceu a vila que originou a cidade de São Paulo. A ligação com São Vicente dava-se pela Trilha dos Tupiniquim (ou dos Goianases), que, por atravessar territórios dos índios tamoios, inimigos dos tupiniquins e dos portugueses, era tida como perigosa.

O governador-geral do Brasil, Mem de Sá, esteve em 1560 na vila de São Paulo. Ao subir pela Trilha dos Goianases, constatou todas as dificuldades e perigos que o caminho apresentava na serra. Fazia-se, então, necessária a construção de uma nova ligação da vila de São Paulo ao litoral, conhecida mais tarde como Caminho do Padre José.

Há duas versões sobre quem o teria construído. Segundo uma delas, o governador Mem de Sá solicitou ao padre José de Anchieta que fosse aberto o novo caminho. Uma outra versão sustenta que este caminho fora construído um pouco antes por um homem rico da região chamado João Perez sob aprovação do Capitão-mor de São Vicente e do Governador Mem de Sá.

Com relação ao Caminho de Piaçagüera, o Caminho do Padre José não apresentou mudanças no trecho da baixada litorânea, mas a transposição da serra era feita a oeste do rio Perequê, afluente do rio Cubatão, abandonando-se o antigo trajeto pelo vale do rio Moji.jesuita1

O Caminho do Padre José foi aberto de forma precária pelos índios e atendia de início exclusivamente ao deslocamento de pedestres. Sobre as péssimas condições do caminho, o próprio Anchieta deixou seu testemunho em 1585.

Segundo a historiadora Denise Mendes, na região litorânea saía-se de Santos por embarcações pelo “Guarapissuma” ou “Caneú”, como chamavam o lagamar de Santos, até o Porto das Armadas (ou de Santa Cruz), subindo a Serra de Cubatão. O historiador Paulo Eduardo Zanettini supõe que o percurso feito em embarcações tinha aproximadamente 12 km e a subida da serra, até o encontro com o rio Grande, cerca de 7 km. Do alto da serra, o caminho seguia por 2 alternativas:

– Continuava-se por embarcações pelo rio Jurubatuba (Pinheiros) até o rio Anhembi (Tietê), e deste ao rio Tamanduateí, que corria junto ao morro do Colégio dos Jesuítas;

– Atravessavam-se os rios Pequeno e Grande, seguindo em direção ao Ipiranga, convergindo depois para a região do Colégio.

jesuita2O trajeto desde Santos era de aproximadamente 60 a 70 km.

Variantes do caminho foram abertas à medida que a dizimação dos índios abria espaço à ocupação lusa. Em 1583, segundo o historiador Nuto Santana (Zanettini, Paulo E. 1998, p.27), havia 5 caminhos na vila: o do Ipiranga, rumo ao sul até o rio Grande no alto da serra; o do Ibirapuera (ou de Santo Amaro); o dos Pinheiros, para oeste; o do Guaré (atual bairro da Luz), para o norte, e o da Tabatingüera, seguindo o Tamanduateí na direção leste, cuja variante (chamada da Mooca) chegava a N. Sra. da Penha de França, onde se ramificava em 2 caminhos: um até N. Sra.da Conceição de Guarulhos e outro para São Miguel e Mogi das Cruzes, indo até o RJ.

Segundo Denise Mendes, durante o séc.17 a Câmara de São Paulo adotou várias medidas a fim de que o Caminho do Pe. José permanecesse transitável: convocou moradores para cederem ferramentas, firmou contratos com comerciantes, proibiu trânsito de gado, exigiu escravos para as obras e estabeleceu multas para quem desobedecesse. Mas a população costumava não acatar as ordens. O Caminho do Pe. José ficava sempre em péssimas condições. Veja o relato do padre Simão de Vasconcellos feito em 1656 ao passar por lá.

“O Caminho (…), he elle tal, que põe assombro aos que hão de subir, ou descer. O mais do espaço não he caminhar, he trepar de pés, e de mãos, aferrados às raízes das árvores, e por entre quebrados taes, e de taes despenhadeiros, que confesso de mim, que a primeira vez que passei por aqui, me tremerão as carnes, olhando para baixo. A profundeza dos valles he espantosa: a diversidade dos montes huns sobre os outros, parece que tira a esperança de chega ao fim: quando cuidais que chegais ao cume de hum, achai-vos ao pé de outro não menor (…) Assentado sobre hum d’aquelles penedos, donde via o mais alto cume, lançando os olhos pera baixo me parecia que olhava do ceo da lua, e que via todo o globo da terra posto debaixo dos meus pés: e com notavel formosura, pela variedade de vistas, do mar, da terra, dos campos, dos bosques, e serranias, tudo vario, e sobremaneira aprazível.” (MENDES, Denise 1994, p. 119).

Em meados do séc.17, as viagens da serra até São Paulo por rios perderam importância, em virtude de melhorias executadas no Caminho. Segundo Zanettini, em 1681 foi inaugurada um ligação da vila de São Paulo até o rio Grande que facilitou o tráfego de carros com mercadorias. O caminho até o litoral passou a ter mais de 70 pontes e a ficar conhecido como Caminho do Mar.

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