É impossível falar da Mooca sem se falar do Clube Atlético Juventus e vice-versa.

Tendo sua sede social na Rua Juventus e o estádio de futebol na Rua Javari, ambos na Mooca, o Clube Atlético Juventus é , sem dúvida alguma, o clube mais simpático de São Paulo.
Poucos são aqueles que torcem exclusivamente para ele mas, certamente, é o segundo clube da grande maioria dos paulistanos e, encarando desta forma, sua torcida é a maior de São Paulo.

Embora existam algumas dúvidas, com relação às origens do Juventus, a versão mais provável é a seguinte :

Em meados dos anos 20, o italiano Vicente Romano, juntamente com o seu amigo Manoel Vieira de Souza, português, chefe da contabilidade do Cotonifício Rodolfo Crespi resolveram fundar um clube de futebol, esporte que, à época estava em pleno  desenvolvimento, com a intenção de participar de jogos amistosos na várzea paulista.Ao novo clube foi dado o nome de  “La Greca” que significa a Grega ou a Grécia, nome este que tinha a ver com a origem de Vicente Romano, nascido na região de Campania, ao sul da Itália, que foi domínio grego por muitos anos.

O clube teve como primeiro presidente Vicente Romano, e como vice Manoel Vieira de Souza. Tanto os diretores quanto os jogadores do clube eram funcionários do Cotonifício Crespi.

LA GRECA OU EXTRA SÃO PAULO ?

Aqui, abrimos parênteses para falar de uma outra história, a do Extra São Paulo,  que muitos afirmam ser a verdadeira origem do Juventus e outros entendem ser o mesmo o sucessor do “La Greca”. Assim, não podemos deixar de citar a existência do Extra São Paulo, que ostentava as cores da bandeira de São Paulo em seu uniforme : preto, vermelho e branco.

A fundação e o êxito deste clube despertou a atenção do Conde Rodolfo Crespi, proprietário do Cotonifício, que passou a se interessar pela agremiação.Mas, durante pouco tempo, o clube manteve o nome original. Em 1923 Rodolfo Crespi recebera o título de “ Cavaliere Del Lavoro” (Cavalheiro do Trabalho), outorgado pela Ordem de Cavalheiro ao Mérito do Trabalho e a diretoria do clube, homenageando-o, mudou o nome da agremiação para Cavalheiro Crespi F.C.

No ano seguinte, ou seja, em 1924, com o crescimento da agremiação, maior era a união entre o Cotonifício, seus proprietários, os funcionários e o clube, que aquela altura formavam uma única família.

E, no dia 30 de março de 1924, em meio às comemorações do 50º aniversário de Rodolfo Crespi, sugeriu o aniversariante a mudança de nome para Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. com o intuito de filiar-se a Federação e disputar campeonatos regionais amadores. Assim foi feito, e no dia 20 de abril de 1924 é feita a primeira Assembléia, constituída a Diretoria e oficializada a data de sua fundação, sendo que a nova sede foi transferida para a rua da Mooca, 504, fortalecendo e consolidando a agremiação.

Assim, já no ano de 1929 o primeiro quadro do Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. sagrou-se Campeão Amador da Primeira Divisão da Liga Amadora de Football.
Ocorre que a APEA-Associação Paulista de Esportes Athleticos (a Federação Paulista de Futebol da época), era contrária a existência de clubes classistas. Diante disso, também por sugestão de Rodolfo Crespi, resolveu-se mudar novamente o nome da agremiação.

E SURGE O JUVENTUS

Rodolfo Crespi, que era originário da cidade de Busto Arsizio, Província de Varesi, próxima de Piemonte, na Itália, acabara de regressar de viagem ao seu País de origem, onde assistira a uma partida da Juventus de Turim, com a qual se entusiasmou, levando-o a sugerir que a agremiação passasse a se chamar Clube Atlético Juventus.
No dia 2 de janeiro de 1930, concretizada a alteração junto a APEA, Adriano Crespi, filho do Conde Rodolfo Crespi,  assumiu a Presidência do Clube , tendo como vice Manoel Vieira de Souza, transferindo-se a sede para a rua da Mooca , 468.

Em 1930 o C.A. Juventus disputa seu primeiro campeonato com este nome e fica em 8º lugar. Em 1931 obtém o 7º lugar. Já em 1932, bem mais preparado e  estruturado obtém um magnífico 3º lugar e passa a ser conhecido como a “Máquina Juventina”.

Nesse mesmo ano de 1932 Adriano Crespi partia para a Itália tendo como uma de suas incumbências comprar um jogo de camisas da Juventus.
De passagem por Florença, onde fora visitar seus avós, Adriano, atendendo a um pedido do “nonno”, que era um fanático fiorentinense acabou trazendo as camisas da Fiorentina.

FIORENTINO OCUPA O LUGAR DO JUVENTUS

Como a APEA, ao qual estava filiado, estava exigindo que o Juventus aderisse ao profissionalismo, recém adotado, e diante das dificuldades financeiras por que passava o Cotonifício Crespi em razão das grandes perdas ainda decorrentes da Revolução de 1932, resolveu-se deixar o Juventus inerte em termos de equipe de futebol, durante os anos de 1933 e 1934.

Todavia, para não paralisar a atividade futebolística na qual vinha embalado, resolveu-se criar um novo clube amador, ao qual atribuiu-se o nome de C.A. Fiorentino, que teve a oportunidade de disputar o Campeonato Amador, filiado a CBD- Confederação Brasileira de Desportos, utilizando o campo da rua Javari e os jogadores do Juventus que estavam liberados , utilizando os uniformes trazidos da Itália.

Nesse mesmo ano o C.A. Fiorentino foi campeão amador da cidade de São Paulo e, posteriormente do Estado de São Paulo, disputando as finais contra a Ferroviária de Pindamonhangaba, vencendo a primeira partida em campo adversário por 5 a 0 e a segunda em seu Estádio por 3 a 1.

E logo nas primeiras apresentações conquistou resultados importantes, derrotando equipes favoritas, entre elas os chamados “times grandes”. Foi assim que, após uma vitória contra o Corinthians, que o renomado jornalista Thomaz Mazzoni, o apelidou carinhosamente de “Moleque Travesso”, apelido este que o acompanha até hoje.

 JUVENTUS ADERE AO PROFISSIONALISMO

Equipe de Atletismo do Juventus Fonte: Arquivo Portal da Mooca

Equipe de Atletismo do Juventus
Fonte: Arquivo Portal da Mooca

Mas, nesse período o Juventus não se resumia ao futebol. Pouca gente sabe que já na década de 30 os juventinos participavam de campeonatos de outros esportes tais como : basquetebol, box, pingue-pongue (hoje tênis de mesa) e, principalmente, ciclismo cuja equipe obteve grandes triunfos.

Em 1950, o Clube enfrentava seríssimos problemas financeiros,ficando a ponto de efetuar uma fusão com a Ponte Preta, de Campinas, proposta esta que não foi aceita pelo Conselho Deliberativo do Juventus, decisão esta que levou Crespi a renunciar do cargo de Presidente.

A GRANDE VIRADA

Em 1953 o Juventus faz uma vitoriosa excursão à Europa, realizando um total de 15 jogos contra importantes clubes da Espanha, Suíça, Suécia, Alemanha, Áustria, Iugoslávia e Itália, tendo vencido 9, empatado 2 e perdido 4.O ano seguinte, todavia, foi um dos mais tristes da história do Clube, uma vez que foi rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Paulista.

Hoje, o C.A. Juventus mantém dois focos distintos de atenção : o futebol, que como a quase totalidade dos clubes brasileiros passa por momentos difíceis e cuja política adotada foi sempre no sentido de pouco se investir, sobrevivendo graças principalmente a revelação e venda de jogadores e a parte social destinada aos sócios, habitualmente muito freqüentada.Com esse fortalecimento financeiro, em 1967 foi adquirido o Estádio da Rua Javari que, até então, continuava a pertencer a família Crespi.Em 1983, o Juventus obteve aquela que, provavelmente, é a sua maior conquista : o título da Taça de Prata, a nível nacional, derrotando na final a equipe do CSA, de Alagoas.