HOMENAGEM A JULINHO BOTELHO

Julio Botelho com a camisa do Juventus
Fonte: Portal da Mooca

Júlio Botelho nasceu na cidade de São Paulo, no dia 29 de julho de 1929. Depois de começar na escolinha do Juventus, tradicional clube da Mooca, na capital paulista, transferiu-se para a Portuguesa de Desportos em 1951, tendo lá permanecido até 1955. Conquistou pela Lusa o Torneio Rio-São Paulo nos anos de 1952 e 1955, na época, como já dissemos, o principal torneio, pelo nível de qualidade, do país. Quando defendia a Portuguesa, foi chamado pela primeira vez, tanto para a seleção paulista, como para a brasileira, onde em ambas, foi titular absoluto. No ano de 1952, quando foi convocado pela primeira vez para integrar o time principal do Brasil, ajudou o país a ter seu primeiro título internacional no exterior, ao conquistar o então muito importante Campeonato Panamericano de Seleções.

Neste torneio a Lusa foi a base do time brasileiro, cedendo quatro (4) jogadores e todos acabaram titulares naquele timaço dirigido por Zezé Moreira: Djalma Santos, Brandãozinho, Julinho e Pinga. Este quarteto da Portuguesa de Desportos, que havia se consagrado nacionalmente ao vencer o “Rio-São Paulo” daquele ano, viria a ser a base da Seleção na Copa do Mundo de 54, só que já com Pinga representando o Vasco da Gama.

Para finalizar e só para ilustrar, disputou 27 partidas no time principal do Brasil, vencendo 18, empatando 2 e perdendo 7, assinalando 13 gols. Comparando com Garrincha, que disputou quase o dobro dos jogos de Julinho (50 contra 27), para assinalar o mesmo número de gols (13), até que mostrou mais poder de marcar do que o fenomenal Mané, que por outro lado tinha mais poder de construir as jogadas, servindo e fazendo a fortuna dos companheiros, especialmente dos centro-avantes (matadores) de sua época. Julinho encerrou a carreira no próprio Palmeiras, em 1967, quando havia completado 38 anos. Nunca me esquecerei do jogo no Maracanã, quando foi escalado para substituir Garrincha, que estava contundido, contra a Inglaterra, em 1959. Ao ser anunciada a sua escalação, recebeu uma vaia da platéia carioca, que não admitia não contar com o titular, o demônio da Copa de 58. Julinho entrou, com sua autoridade de craque e acabou com os ingleses. O Brasil venceu por 2×0, tendo ele, Julinho, marcado o primeiro gol. Saiu ovacionado, com a mesma platéia bairrista que o vaiara, aplaudindo de pé, como no final de uma ópera do “La Scala” de Milano.

Julinho, grande produto revelado pela Portuguesa de Desportos, é até hoje considerado aqui no universo europeu, especialmente pelos torcedores da Fiorentina, um dos melhores jogadores brasileiros que já atuaram no velho continente, faz parte do time de todos os tempos desta mesma Fiorentina e é para mim, um dos maiores estilistas que já atuaram na Europa, em todos as épocas.

ARTIGO DE AUTORIA DO JORNALISTA LUIZ EDUARDO LAGES.