No início dos anos quarenta havia uma diferença muito grande do futebol do sul para o futebol do norte. Jamais um clube nordestino tivera a audácia de empreender uma temporada pelo sul do Brasil. Foi Luiz da Rosa Oiticica, ex-atleta do Sport Recife, e homem de negócios na capital pernambucana, quem levou o seu clube para uma excursão. Em dezembro de 1941, o Sport Clube do Recife, então campeão pernambucano, possuía um grande plantel. O treinador era Ricardo Diaz. Dentre seus jogadores, destacava-se o grande craque Ademir de Menezes.

Em terras paulistanas, o primeiro adversário dos pernambucanos foi justamente o C.A. Juventus. O jogo foi marcado para o dia 1º de janeiro de 1942, no estádio da Rua Javari. Antes do início da partida, os paulistas contestaram a indicação do pernambucano Palmeira para a arbitragem, indicando o paulista Jorge de Lima, o Joreca, igualmente refutado pelo Sport. A solução ocorreu de forma casual: o famoso árbitro carioca Mário Vianna assistia a partida e aceitou o convite para apitar.

Iniciada a partida, o Moleque Travesso, comandado pelo técnico João Chiavone, levou um susto ao sofrer um gol aos 10 minutos de jogo. Oswaldinho cuidou de levantar o moral de seus companheiros e comandou uma virada fantástica. Ao término da primeira etapa, o Juventus vencia o adversário por incríveis 6 a 1! No segundo tempo, os pernambucanos se encheram de brios e correram atrás do prejuízo. Mas não tiveram forças para superar a muralha montada por Ditão e Sordi na retaguarda juventina, que seguraram bravamente a vitória em favor do time da Mooca por 8 a 5.

Os gols juventinos foram marcados por: Renato, Zico, Pasquera (2), Oswaldinho (2), Cavaco (2). A equipe grená atuou com a seguinte formação: Sant’Anna (G), Ditão, Sordi, Moacyr, Guimarães (Sábia), Nico II, Pasquera, Zico, Renato, Cavaco, Oswaldinho.

Como não havia sido previamente combinado, ao final do jogo ocorreu um problema no acerto da divisão da renda, cujo total foi de 6 contos e 450 mil réis. 900 mil contos foram destinados ao árbitro e apenas 300 mil contos ao Sport. O dirigente pernambucano não aceitou essa divisão, que julgou humilhante, e deixou o dinheiro com os paulistas.

O Sport Recife impressionou a imprensa e aos clubes do sul. Alguns de seus jogadores foram contratados para jogar em clubes de grande expressão do futebol brasileiro. Zago, Djalma e Ademir ficaram no Vasco. Pirombá no Flamengo. Magri no América carioca e Pinhegas no Fluminense. O Sport jogou no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Disputou dezessete jogos, empatou dois, perdeu quatro e venceu onze. Mesmo com todo esse impressionante cartel, na Javari, quem mostrou futebol de campeão foi o Juventus, dando uma aula da bola nos pernambucanos.

Fonte : Livro “Glórias de um Moleque Travesso”, de autoria de Angelo E. Agarelli, Fernando R. Galuppo e Vicente Romano Nt. e http://esquadroesdefutebol.blogspot.com.br

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