MATHEUS CARRIERI

Eu me lembro de Matheus Carrieri desde quando nós éramos crianças. Com sua carinha de moleque levado, freqüentávamos o Juventus. Não sei por qual motivo, mas fiquei algum tempo sem vê-lo, mas, mais tarde, já adolescentes, e ele já conhecido por sua participação em comerciais da televisão, freqüentamos a academia do Juventus e a sua presença já causava “frisson” nas menininhas.

Carrieri concedeu essa entrevista ao Portal da Mooca quando estava estrelando a peça teatral “Boeing Boeing” no Teatro Arthur Azevedo, aqui na Mooca. Ele nos recebeu um pouco antes do início de uma das sessões. Devo confessar que me emocionei. Não sei se foi por reencontrar um amigo ou pelo fato de estar com um mooquense que faz sucesso ou por simples tietagem. Bem, não importa. O que eu sei é que Matheus Carrieri merece ser justamente homenageado como “Personalidade” da Mooca.

Mas, eis a entrevista :

Você é nascido na Mooca?
Na verdade eu sou nascido na Brás, morei lá até os 3 anos, depois vim morar na Mooca, aqui ficando até os 17 para 18 anos; daí fui morar no Rio, depois voltei para Mooca. Tirando as vezes que tive que morar em outras cidades, pode-se dizer que só saí da Mooca em 1994, quando fui morar em outro bairro de São Paulo.

Então quer dizer que toda sua infância e adolescência você passou aqui na Mooca?

Isso. Eu estudei primeiro no Colégio Paes de Barros, onde agora é a Universidade Capital, depois fiz o primário no Pandiá Calogeras, o ginásio no Carusi e o colegial no Firmino.

Eu me lembro de você freqüentando o Juventus…

A vida inteira. Eu pulava o muro do Carusi para ir ao Clube. Ainda hoje, sempre que posso, jogo futebol no clube.

Você teve uma academia aqui na Mooca, não é ?

Tive, a Salutti onde, inclusive, eu dava aulas de educação física. Agora não é mais minha, mas foi minha durante 6 anos.

Assistiu jogos na Javari?
Muitas vezes. O Juventus era meu segundo time. Até eu consegui a camisa que é usada na peça (num certo momento da peça, a empregada entra em cena com a camisa do Juventus). É muito difícil de encontrar para comprar, nem mesmo no Clube é encontrada. Eu consegui esta com um amigo meu, que tinha de um campeonato.

A sua família ainda continua morando aqui?

Minha mãe, meu irmão mais novo, minha irmã mais nova continuam morando na mesma casa em que a gente sempre morou, sem contar os tios e primos que também moram na Mooca. Além disso, ainda tenho muitos amigos que não saíram da Mooca. Eu venho sempre ver minha mãe, então sempre encontro com eles. E é legal estar fazendo teatro aqui, porque o pessoal me liga dizendo que vem me ver…

Você é descendente de italianos?
Minha mãe é italiana da região de Nápoles e meu pai é filho de italiano. Meu avô era nascido na cidade de Polignano Al Mare.

É a primeira vez que você se apresenta aqui no teatro Arthur Azevedo?
É a primeira…E isso me traz um gostinho muito especial. Achei que o teatro está ótimo. E esta coisa de ingresso a R$10,00 eu acho maravilhoso, porque o ingresso para ver uma peça de teatro geralmente é muito caro. Eu acho que esse é um dos motivos do teatro estar lotando

O inicio de carreira, quando foi?

Eu comecei como bebê Johnson, minha mãe sempre me levava para fazer comerciais. Tanto eu quanto meus irmãos, mas só eu acabei seguindo a carreira.

Quais os papeis mais marcante na sua carreira?

Têm alguns… De novela posso citar “Os imigrantes” , a primeira novela da Globo, “Amor com amor se paga” , que foi uma novela que fez sucesso e o personagem também, então isso marca. Posso citar também “Chiquititas”. Nessa época cheguei a morar na Argentina e foi muito legal porque foi meu primeiro trabalho para criança… . Agora de teatro, posso citar o “Hair”, “Um bonde chamado desejo”, dentre outras.

Mateus Carrieri na sua participação na “Casa dos Artistas”

Você ainda sente frio na barriga na hora de entrar no palco?
Nos primeiros espetáculos que eu fiz, principalmente na estréia, eu ficava muito tenso e isso atrapalhava um pouco. E eu me lembro que nas primeiras vezes que eu entrava em cena e ficava parado e sentia o joelho tremer… Agora, lógico, dá aquela ansiedade, um pouco de nervoso, você fica com aquela tensão… mas você adquire mais segurança e a experiência te dá mais esperteza para lidar com situações que possam acontecer, principalmente na estréia.

Como na primeira noite que vocês se apresentaram aqui, quando a empregada entrou com a camisa do Juventus, até os próprios artistas em cena começaram a rir…

Aquela camisa do Juventus eu consegui só para o dia da estréia, e realmente ela nunca tinha feito isso, então a hora que a gente viu… e eu percebi o impacto que isso causou na platéia, a gente não tinha noção de como ia ser… e simplesmente só porque ela entrou com a camisa do Juventus, falou do Pandiá, cantamos o hino do Juventus… foi muito legal… até comentaram depois que tive uma boa idéia em homenagear o bairro e deu certo. E você sabe como o mooquense é bairrista, não é mesmo ?

Tem alguma lembrança legal que você guarda da Mooca?

Nossa! Muitas! Algumas que trago na lembrança e que eu posso citar são a Archote – essa era minha época de discoteca – o Banana Power, o Papagaio´s, mas a gente gostava mesmo era de ir à matinê da Archote. Lembro muito das domingueiras do Juventus, das tardes jogando futebol, das piscinas no Juventus, das filas para fazer exame médico… passar naquele corredor estreito para chegar até a piscina. Lembro também quando abriu o Caramba, onde agora é o Amor aos Pedaços, lembro da época da Brunella, que era na esquina da minha casa, e tenho muitas lembranças das boas amizades da época da escola. Lembro também que aqui tinha aquele negócio de turmas … a turma da Jupuruchita, da Vila Prudente, da Tabajaras, eu me recordo que nas domingueiras sempre tinha confusão.

Eu tenho vontade de morar aqui de novo, de ter uma casa ali na região onde minha mãe mora. Quando nos mudamos para lá, não tinha ainda a delegacia, não tinha nem asfalto na rua e eu lembro que a gente brincava no barro… tenho muitas lembranças boas… e ainda tem o jeito de falar… eu acho que principalmente quando eu falo com meus amigos da Mooca, eu falo bem carregado. Enfim a Mooca é inesquecível !