Alguns o conheciam como “seu” Antônio, outros como “seu” Toninho mas ambas designações vinham sempre acompanhadas por “dos Churros”. Há uma informação não confirmada de que ele teria assumido o estabelecimento após a morte de uma antiga proprietária, a espanhola dona Carmen ou da herança de seus sogros.

O fato é que, em uma pequena garagem na rua Dona Ana Néri 282, desde 1947 e por mais de meio século, “seu” Toninho tocou a casa “Churros da Mooca” ou “Churros do Toninho” (nunca houve uma denominação oficial) produzindo artesanalmente o famoso churro espanhol, com uma massa diferente da que hoje se conhece, suavemente salgada, sem recheio e em forma de espiral.

A “roda” pequena, dependendo da fome, era suficiente para 3 ou 4 pessoas e era servida não em pratos ou bandejas, mas colocada em cima do balcão sobre um papel ou, às vezes, até sobre jornal, que também era usado para embrulhar para “viajem”.

Para aqueles que preferiam o churro mais adocicado, podiam utilizar-se de uma mistura de açúcar e canela colocada à disposição dos clientes. Às indagações se não tinha o recheado, um simples olhar e a testa franzida do proprietário serviam como resposta. Como acompanhamento os usuários podiam optar entre um delicioso cafezinho, ou café com leite ou um chocolate batido.

Além do sempre simpático atendimento por parte do “seu” Toninho, a casa apresentava uma outra característica muito marcante : seu peculiar horário de funcionamento era das 2 horas da madrugada (sim, começava a funcionar às 2 da madrugada) até por volta de 11 horas da manhã, atraindo um público fiel, desde famílias vizinhas, operários de empresas da região nas trocas de turno, como, principalmente, de pessoal saído de festas, bailes e baladas. O local virou o que hoje se chama de “point”. Era comum a formação de filas na porta do estabelecimento em plena madrugada de uma rua deserta.

Infelizmente, “seu” Toninho parou de trabalhar em 2008 , devido a uma pneumonia que o deixou debilitado, vindo a falecer em 2016, aos 86 anos de idade, mas deixando seu nome gravado na história da Mooca e na lembrança de seus frequentadores.

Publicado em maio de 2020